Ela começou cedo na TV, aos seis anos de idade, com comerciais e novelas. Sua primeira oportunidade no audiovisual foi na trama “Cara e Coroa”, da TV Globo, quando contracenou com Nicette Bruno. Era muito jovem, trabalhava sem parar e cresceu vendo seu nome aparecer nas telas como uma promissora atriz. Yana Sardenberg, 33 anos, atualmente está no streaming com o sucesso da Netflix “De Volta aos 15”, onde concebe a personagem Carol, papel que divide com Klara Castanho, cada uma delas em sua fase, e já está gravando a terceira temporada.
Centrada, dá aulas de interpretação para crianças e adultos, faz pós-graduação em psicologia junguiana e vai se formar terapeuta. Além de “De Volta aos 15”, que está no ar, Yana estreia no próximo dia 23 o filme “Stand Up – Minha Vida É uma Piada”, em que divide cenas com Marco Luque, Carol Castro, Fábio Rabin, entre outros. Está ansiosa para ser ver nas telonas, mas não pira, ela sempre planeja seus passos e onde quer chegar. Jornalista de formação, no longa ela faz sua primeira repórter como atriz, a personagem Aline, que tem um grande furo nas mãos.
Nas redes sociais é presente, sobretudo, quando o assunto é endometriose. Ela divide com seus seguidores as causas e consequências do problema, e recebe milhares de mensagens para discutir o tema. Acha que a internet precisa de controle para crianças, e se assusta como comparações permeiam a vida delas e dos adolescentes, causando mal-estar e gerando um parafuso na cabeça delas. “Tenho visto que a na internet você tem que ser muito pontual com os jovens, limitar o tempo para crianças, saber o que elas veem e escutam, mas acho que o pior de tudo que está acontecendo é a comparação, que está adoecendo as pessoas”, explica.
Estudiosa desde sempre, fez Tablado e CAL (Casa das Artes de Laranjeiras), com o apoio incondicional da família. Além de novelas na Globo, Bandeirantes e RecordTV, fez filmes, longa e média-metragem, sua primeira experiência no cinema, e vai além. Se prepara para morar fora do país no próximo ano a fim de expandir sua carreira para o âmbito internacional, e tem tudo para dar certo. Experiente no quesito interpretação, apenas no programa “Você Decide”, TV Globo, encenou mais de 150 personagens, sempre caracterizada, ao lado de outras crianças como Bruna Marquezine, isso com dez anos de idade.
Além de “Stand Up”, Yana gravou o média-metragem “Segue de Volta”, que está no festival de Berlim, e deve estrear no Brasil em 2024. “Fala sobre uma menina, que é a minha personagem, que é uma pessoa muito ligada nas redes sociais, e vive uma questão com isso. Ela cria milhares de situações, até que chega no ápice e cogita o suicídio, por conta da proporção que as redes sociais têm sobre a vida dela”, conta.
Leia a seguir a conversa que o CHNews teve com Yana via Zoom.
Como começou sua carreira?
Então, eu estou com 33 anos agora, comecei com seis anos de idade pela publicidade, fazendo foto, onde a maioria das pessoas acabam indo. Eu sempre fui muito comunicativa, esperta. Com sete anos eu comecei a fazer muito comercial e vídeo também, e isso acabou sendo muito recorrente. A minha avó Marli Cunha era cantora de rádio, cantou com o Ary Barroso e tal, ela era cantora lírica, maravilhosa, então essa veia artística eu posso dizer que veio um pouco dela. Minha primeira grande oportunidade foi quando eu fui para a Globo fazer “Cara e Coroa”, que eu fiz com a Nicette Bruno, eu não entendia nada desse mercado, tinha sete anos. Depois fiz outras novelas também. Fiz o programa “Você Decide”, em que os atores representavam casos importantes da mídia. Eu era uma criança, minha mãe sempre me acompanhava, eu só brincava e gostava daquilo. Depois várias pessoas me acompanhavam nos trabalhos, porque todo mundo trabalhava e tinham que se revezar. Depois disso, o próximo trabalho que eu tive na Globo foi “Gente Inocente”, onde fiz mais de 150 personagens, tinha de nove para dez anos, e foi então que comecei a entender como tudo funcionava. Tinha uma galera boa fazendo, como a Bruna Marquezine, mas ninguém me reconhecia na rua, porque eu estava sempre de peruca (risos), caracterizada. Fiz também o “Teca na TV”, que durou cerca de três anos. Nessa época e eu saía da escola e ia direto para a gravação, onde ficava até 21h. Me lembro de ter falado com a minha família para diminuir a carga ou da escola ou das gravações, porque eu não estava conseguindo conciliar as duas coisas. Mas eu segui fazendo os dois, fazia provas aos sábados, dava um jeito. Nisso as coisas foram acontecendo. Fiz Tablado durante quatro anos, passei por toda a galera das antigas lá, e que foi a minha base de formação, além da CAL. Na faculdade acabei indo fazer jornalismo, eu cismei, queria ser repórter. Paralelo a isso, eu continuava com a minha loucura de gravações. Mas, olha, eu digo que a minha formação mesmo foi no set, foi onde aprendi tudo e fazendo, com gente muito grande – Antônio Fagundes, Tony Ramos… Eu só não gravei com a Glória Pires, mas sempre penso que vai chegar esse momento, porque ela é uma gênio, tem muita gente com quem a gente quer contracenar, mas nem sempre vai dar, a Marília Pêra era uma dessas. Minha vida foi sempre muito baseada na arte, canto, balé, fiz musicais. Hoje eu dou aula para crianças e adultos de interpretação para TV, dinâmica para canto, oratória. Eu sempre digo aos alunos e aos pais para que briguem pelos direitos, porque são crianças. A única coisa que pegou forte para mim foi quando eu fiz “Floribella”, na TV Bandeirantes, que foi uma novela grande, extensa, e que me proporcionou muita exposição e uma relação financeira boa. Posso dizer que foi o boom da minha carreira. Sempre digo que se naquela época tivessem as redes sociais, eu teria 2 milhões de seguidores, porque não dava para ir ao shopping, por exemplo, tamanha a fama dos atores da novela, nós fazíamos shows, viajávamos etc. E dali saiu uma nata, Letícia Colin, Johnny Massaro, Juliana Silveira e tantos outros. Eram 20 cenas por dia para serem gravadas, então foi um período em que eu estive mais ausente da minha família, era muito trabalho.
Você acha que perdeu um pouca da sua infância por conta desses trabalhos todos?
Olha, a gente tinha uma casa na região dos Lagos, eu sempre ia com a minha família, mas sempre tinha que voltar por conta de alguma gravação. Então, assim, no meio de janeiro a gente já sabia que isso ia acontecer, porque eu era uma criança que trabalhava muito. Eu até brinco que eu trabalhava mais que agora, mas não, é que agora os trabalhos são diversificados. Eu não digo que a minha infância foi prejudicada, mas uma coisa ou outra a gente perde.
Como é sua vida hoje, você namora?
Sim, namoro o ator João Fenerich, que está na série “Fim”, do Globoplay. Mas nossa vida é bem agitada. Ele agora está no Rio gravando uma novela da RecordTV, e eu estou aqui em São Paulo gravando – onde nós dois moramos, cada um em sua casa. Os streaming abriram portas importantes e oportunidades diversas, porque você pode estar morando em qualquer lugar e gravar uma série, em outra cidade, país e por aí vai.
Como surgiu a oportunidade de gravar “De Volta aos 15”?
Eu fiz o teste no meio da pandemia, à época eu estava gravando a última parte de “Gênesis”, da RecordTV. Fiz o teste para fazer a Carol, personagem que divido com a Klara Castanho em fases e idades diferentes. Depois de dez dias eles me ligaram dizendo que o papel era meu. É um sonho estar no streaming, que hoje tem muito mais abrangência e variedade. Para mim foi uma conquista. Eu tive que gravar a novela e a série ao mesmo tempo, mas deu tudo certo no final (risos).
Houve alguma troca entre você e a Klara Castanho, já que fazem a mesma personagem?
Sim, a gente fazia por Zoom, com a preparadora de elenco. Debatíamos a personagem e víamos o que concordávamos a respeito dela. A Klara é uma pessoa muito sensível, inteligente, digo sempre que ela tem uma maturidade aquém de sua idade. Nós não só nos parecemos fisicamente, como desenvolvemos os trejeitos, as falas, tudo da personagem de forma parecida. É uma trabalho que eu me orgulho muito de ter construído. Agora estamos gravando a terceira e “última” temporada, porque vai ser tão bombado que não sei o que pode acontecer.
Você imaginava que a série faria tanto sucesso?
Olha, quando eu vi o elenco, que era incrível, eu imaginava que seria uma coisa grande, de pessoas grandes. A minha idéia de atores grandes eram os mais velhos e renomados. Na série, são pessoas bem mais jovens, bombadas na internet e que têm sua própria história, como a Maisa Silva, João Guilherme Ávila, a própria Klara Castanho. A minha fase tem o Bruno Mantaleone, Camila Queiroz e outros. A galera dos 30 anos se deu muito bem, assim como a dos 15, e nós temos grupos para conversar, foi incrível. Mas, não, eu não imaginava que seria esse sucesso todo.A série pega todos os públicos, crianças, adolescentes, adultos e idosos, tem essa coisa de refazer rotas. E tem a galera jovem, vem a Larissa Manoela e outros que não podemos nem falar.
Conte algumas curiosidades ou perrengues da gravações.
A gente gravava na pandemia, ensaiávamos de máscara, não víamos as nossa próprias expressões. Na segunda fase, nós gravamos muitas cenas noturnas, que iam das 19h às 7h do dia seguinte, isso em Bananal, interior de SP, e ficamos em um hotel da região. E foi um hotel que teve um processo de escravidão, nós estudamos toda a história do local, então tinha uma coisa espiritual forte. Nós desenvolvemos um medinho disso, estávamos sempre perguntando onde os outros estavam no hotel fazenda, porque era enorme.
Fale sobre o seu trabalho no filme “Stand Up – Minha Vida É uma Piada”?
O filme fala sobre o roubo de piada, quando dois humoristas (Fábio Rabin e Marco Luque) rouba a piada do outro e um deles faz um megassucesso. Eu faço uma repórter chamada Aline – sendo jornalistas de formação, é a primeira vez que faço uma repórter na minha carreira – e ela tem um furo de reportagem, que é algo grande e muda todo o trajeto. Foi muito divertido, porque é um filme de comédia, uma coisa que eu sempre quis fazer. Eu sou amiga do Rafael Portugal há muitos anos, antes de ele ser essa figura famosa que é agora. Ele sempre me dizia: “Yana, você é tão engraçada, onde estão suas coisas de comédia?”, ao que eu respondia que sou engraçada no dia a dia, e ele dizia para eu colocar uma câmera na minha cara (risos). Quem me conhece ri das coisas que faço porque tem uma coisa meio atrapalhada.
A estreia está prevista para quando?
Dia 23 de novembro.
Como foi gravar com Carol Castro?
Ela tem um timing bom de comédia, tem feito e tal. Foi ótimo gravar com ela. E fora que é minha primeira vez no cinema, estou ansiosa para ver na tela.
E qual sua expectativa para a estreia?
Eu não gosto de pensar muito porque fico ansiosa, porque sou muito agitada. Acho que as pessoas têm de ver no cinema, eu sou muito cachorrinha de filme nacional, acabei de ver 12 filmes no festival do Rio. Até no próprio streaming eu assisto muito filme brasileiro.
E o média-metragem “Segue de Volta”?
Esse a gente colocou no festival de Berlim. Aqui no Brasil ainda não foi exibido. Fala sobre uma menina, que é a minha personagem, que é uma pessoa muito ligada nas redes sociais, e vive uma questão com isso. Ela cria milhões de situações, até que chega no ápice e cogita o suicídio, por conta da proporção que as redes sociais têm sobre a vida dela.
E qual a previsão de estreia?
Ano que vem.
Quais são os próximos projetos?
Meu foco para o no que vem é streaming e cinema. Além disso, eu tenho cidadania portuguesa, e pretendo expandir a minha carreira para o campo internacional, tenho feito testes para produções de fora. Eu sou fluente em espanhol e estou muito bem no inglês. Minha meta no ano que vem é ir para fora, para estudar e trabalhar. O artista é um pouco do mundo.
Tem algum personagem que você gostaria muito de fazer?
Tem vilã, que eu nunca fiz, queria fazer uma bem má, manipuladora. Eu sou meio que impulsionadora de mim mesma, crio oportunidades para que as coisas aconteçam. Sou muito determinada. Também gostaria muito de fazer uma menina suburbana, porque eu vim do subúrbio do Rio, sou do Méier, nasci e cresci lá. Acho que é isso, uma vilã e uma mulher da periferia.
Como lida com as redes sociais?
Eu tento dosar para não ser a louca das redes. Mas acompanho as notícias, o que acontece, super acompanho. Eu não leio comentários, é uma coisa que já falei com a Camila Queiroz. Qualquer comentário ruim pode acabar com o psicológico, o emocional. Eu vejo a internet sendo muito interessante e benéfica em vários aspectos, mas tem o lado negativo, que é o de uma pessoa se sentir bem no caso de atingir negativamente uma outra. Estou fazendo pós-graduação em arte terapia e psicologia junguiana, vou me formar terapeuta, mas quero me aprofundar muito. Com isso, tenho visto que na internet você tem que ser muito pontual com os jovens, limitar o tempo para crianças, saber o que elas veem e escutam, mas acho que o pior de tudo que está acontecendo é a comparação, que está adoecendo as pessoas. Eu vejo as minhas alunas, de dez, onze anos de idade se comparando com corpos, estética, nível social.
Acha importante expor seu problema com endometriose nas redes a fim de ajudar outras pessoas?
Eu nunca tinha me exposto desse jeito, mas acho importante dividir as informações, eu leio muito sobre o assunto. Recebi uma enxurrada de mensagens de meninas que sentem muitas dores. Penso por que não dividir e saber como está do outro lado? Se eu não tratar a endometriose eu posso ficar infértil, também tem isso, e é importante abrir uma discussão e dar esclarecimentos sobre. Acho que o povo brasileiro não é instruído para esse lugar, de como se medicar a fim de amenizar as consequências da doença. Quanto mais as pessoas falarem nas redes, melhor.