“Nesta terra, em se plantando, tudo dá!”, ou Finok e a excessiva diversidade brasileira, intitula a individual do artista Raphael Sagarra (Finok) que abre em 23 de maio, na Usina Luis Maluf. E é essa diversidade brasileira que desde sempre motivou o artista, o inspirou a criar obras inéditas para essa mostra. São trabalhos que apresentam grande variedade de materiais: tinta acrílica, pastel oleoso e bastão de óleo, além de esculturas e objetos variados, de cocos até a réplica de uma pequena capela caiada.
Finok convida os espectadores a explorarem o cotidiano, os costumes populares, a musicalidade, a sensualidade e toda a exuberância tropical que caracteriza o Brasil. Por meio de pinturas, esculturas e instalações meticulosamente elaboradas, Finok captura a essência de culturas marginais e subculturas, celebrando o ordinário e o extraordinário que coexistem dentro da sociedade brasileira. Cada obra é uma narrativa visual que revela momentos, acontecimentos e múltiplas histórias, proporcionando uma nova perspectiva sobre aspectos frequentemente negligenciados de nossa realidade.
A série “Plurais”, apresentada nesta exposição, é composta por polípticos que atuam como registros fragmentados do tempo, abordando temas que vão desde festividades desconhecidas do Carnaval até o papel da religiosidade nas tradições brasileiras. As obras incorporam fotografias, vídeos e anotações coletadas durante a pesquisa do artista, transformando-se em reflexões visuais complexas e envolventes. Entre as esculturas apresentadas, destacam-se peças como “Mulher coco”, que explora a riqueza simbólica do coco na cultura brasileira, e “Mulher megafone”, que amplifica as vozes daqueles que muitas vezes são marginalizados pela sociedade. Cada obra é um convite à reflexão sobre a interação entre o homem e seu ambiente, entre o ordinário e o extraordinário.
Desse modo, “Nesta terra, em se plantando, tudo dá!”, ou Finok e a excessiva diversidade brasileira, celebra a diversidade cultural brasileira e busca não apenas valorizar a identidade e o modo de vida do povo brasileiro, mas também desafiar as percepções convencionais sobre o que é considerado importante e digno de atenção. Acerca do título, Agnaldo Farias, curador da mostra, destaca: “‘Nesta terra, em se plantando, tudo dá!’ prova de que o Brasil é muito mais do que se pensa, do que se pode imaginar: o Brasil, para o bem e para o mal, é excessivo, confirma a previsão do assombrado Pero Vaz de Caminha em sua carta, o primeiro exemplo de literatura brasileira, fundadora da nação para o império português, para a imensa dor de quem já vivia por aqui e parte de quem viria para cá.”
Usina Luis Maluf – R. Brigadeiro Galvão, 996, Barra Funda, SP.