A Pinakotheke Cultural, no Rio de Janeiro, abrirá para o público no dia 21 de outubro de 2024 a exposição “Flavio-Shiró, 96 anos, presente”, que celebra a trajetória do artista nipo-brasileiro Flavio-Shiró, nascido em Sapporo, na ilha de Hokkaido, no Japão, e que se divide entre Paris e Rio de Janeiro. Flavio-Shiró se mudou com a família quando tinha quatro anos de idade para o Pará.
A mostra, com curadoria de Max Perlingeiro, traz um raro conjunto de pinturas seminais, desde a década de 1940, revelando as experimentações de Flavio-Shiró que optava pelo expressionismo, e o pioneirismo, no início dos anos 1960, na pintura abstrata “dedicada ao informe, ou seja, ao rastro gestual dificilmente reconhecível ou categorizável”, como observa Paulo Miyada, diretor artístico do Instituto Tomie Ohtake, no texto crítico que acompanha a exposição.
Em outras salas da exposição, estão aproximadamente 50 obras inéditas do artista, produzidas em 2022 e 2023, em aquarela ou nanquim sobre papel. Uma sala será dedicada a Shiró fotógrafo, com imagens feitas por ele ao longo de sua vida, fato inédito em suas mostras. O público verá ainda cadernos com aquarelas, criadas entre 2020 e 2022, durante a pandemia. Flavio-Shiró estará no Rio, para acompanhar a montagem da exposição.
A mostra apresenta um total aproximado de 70 obras, desde as pinturas seminais do artista, ainda nos anos 1940, passando pelos anos 1950 e 1960, em que Flavio-Shiró se torna um mestre, fazendo “emergir evocações e reminiscências de ambiências e seres”, como destaca Miyada. “Ele buscou maneiras de enfatizar as possibilidades evocativas do gesto que manipula, intempestivo, a viscosidade da tinta a óleo”, afirma. “Quanto à linguagem, essa busca refeita a cada vez tornou-se uma das molas propulsoras de sua produção ao longo de mais de seis décadas”, diz Miyada.
Seu imenso universo intelectual, adquirido por anos de interesse pela literatura, cinema e música, era ativado pela percepção de algo a sua volta, às vezes banal, uma cena de TV, e se transformava em impulso de trabalho. Assim são as aquarelas “Sem Título”, com cenas de Carnaval, uma tourada, ou ainda em forma circular. Destacam-se também as quatro aquarelas que fez em caixas de bombons, entre elas “Rear Window – Alfred Hitchcock” (2022-2023), e os 14 desenhos em nanquim, de 2023, em que o artista parece refletir sobre seu tempo e sua existência mais íntima. “Flavio-Shiró, 96 anos, presente” traz ainda a pintura inédita “Casulo” (2019-2020), óleo sobre tela, 67 x 192 cm.
Na última sala da exposição, será projetado o filme “Origens, Sonhos, Pesadelos, O ateliê e Pintando” (2018), com roteiro e direção de Margaux Fitoussi e Adam Tanaka, neto do artista.
A exposição será acompanhada de um catálogo, com textos de Paulo Miyada e Max Perlingeiro, com 80 páginas. O público verá fotografias feitas pelo artista e ainda cadernos com aquarelas que ele fez entre 2020 e 2022, durante a pandemia de Covid-19.
Pinakotheke Cultural – Rua São Clemente 300, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ. Até 30 de novembro de 2024.