Por Flávia Barbosa
Sim, tenho uma estranha tendência de me interessar por séries de uma só temporada. Porque tudo acontece ali, temos um fechamento (na maioria das vezes) e geralmente essas são recheadas com os melhores atores. Aqueles Hollywoodianos ganhadores e indicados ao Oscar e uma vasta quantidade de outras premiações, algo que não vemos em qualquer série por aí.
Já falei por aqui de seriados com Amy Adams, Cate Blanchett, Marjorie Estiano, Debora Falabella, Jodie Foster, enfim, estrelas gabaritadas. Dessa vez, resolvi falar de outra produção escondida na Netflix: “Collateral”, que, além de ter só uma temporada, conta com apenas quatro episódios. Quer melhor do que isso para maratonar?
De quebra temos a atriz britânica Carey Mulligan, indicada ao Oscar deste ano na categoria de melhor atriz por seu papel em “Maestro”. Ela também está em filmes como “Drive” e “O Grande Gatsby”, contracenando com atores como Leonardo DiCaprio e Ryan Gosling. Carey tem um rosto cativante além de atuações memoráveis. A série “Collateral”, que é uma coprodução da BBC londrina com a Netflix, desenvolve uma investigação policial no começo um pouco ingênua do tipo de crime a ser investigado.
Glaspie (Carey Mulligan) recebe uma ligação durante a noite a respeito de um assassinato no meio da rua. A vítima? Um simples entregador de pizza sírio, que morava ilegalmente em Londres. Ou seja, a primeira percepção é de que tenha sido um crime de ódio e intolerância racial, ou simplesmente um roubo, mas Glaspie se recusa a acreditar que tenha sido somente um tiroteio aleatório e resolve investigar o que está por trás. À medida que o caso vai se desenrolando, novos personagens vão sendo apresentados, e adivinha? Todos estão com suas vidas entrelaçadas de alguma forma. Passamos pela vida de um político e de sua ex-esposa que tem problemas com substâncias, uma clériga lésbica e sua companheira que é a testemunha principal do assassinato e também é uma imigrante ilegal. Sem esquecer da misteriosa gerente da pizzaria na qual a vítima trabalhava, e por fim a família dele.
O roteirista David Hare, responsável pelos aclamados filmes “As horas” e “O leitor”, faz questão de tecer uma crítica didática à intolerância aos imigrantes e xenofobia, e denuncia sem medo a política atual em relação aos imigrantes na Europa. Já a diretora S. J. Clarckson, de “Orange is the New Black”, que dirigiu todos os episódios, faz tudo ser dinâmico e inovador, sem precisar de cenas de ação e tiroteios.
Essa minissérie traz muitos segredos, mistérios, reviravoltas inesperadas, e nossa querida detetive descobre uma grande conspiração que envolve o tráfico de drogas, a sexualidade, a política, a imigração ilegal, o assédio moral – e sexual – e o militarismo. É muito tarde para salvar todos os envolvidos? Por que o entregador de pizza foi morto a sangue frio? Não posso falar mais nada, a não ser que essa série segue o estilo “Mind Hunter” de investigação, te deixando preso do início ao fim. Paro por aqui para não dar spoilers. Então, dê uma chance a “Collateral” e aprecie as grandes atuações de todos os autores envolvidos.
Melhor “quote” da série: Detective Inspector Kip Glaspie: “My serious is different from yours.”