Por Flávia Barbosa
Quem ainda não assistiu “The Fall of the House of Usher” (“A Queda da Casa de Usher”), deve estar com muito trabalho acumulado na mesa, ou simplesmente não sabe o que está perdendo.
A última série do talentosíssimo Mike Flanegan chegou há um tempinho na Netflix e não desapontou. Se você não conhece as outras obras do autor/ diretor, corra! Todas estão disponíveis na mesma plataforma de streaming. Não podemos ser simplistas ao falar de seu trabalho. Não são apenas séries de terror. Flanegan é capaz de criar histórias sobre pessoas, famílias disfuncionais, mas no fundo tudo se trata de amor.
Até mesmo na família Usher. Nessa árvore genealógica formada por pessoas terrivelmente narcisistas, cínicas, cruéis, egoístas e ricas (muito ricas) existe uma falta. Uma procura. Um vazio. E todos estão fadados a pagar não só pelos seus pecados, mas também pelos de seu pai, Roderick Usher.
A explicação para a sucessão de eventos terríveis que acometem a família Usher está no passado dos irmãos gêmeos Roderick e Madeline, no período de 1953 a 1980, onde é revelado como a fortuna da família foi formada: através da “Fortunato Pharmaceuticals”, uma empresa que está sempre sob o escrutínio do promotor Auguste Dupin, que busca há décadas a condenação do CEO, por venda de medicamentos que causam sérios riscos à saúde.
Mas espere um momento… onde já ouvimos o nome dessa série antes? Muito provavelmente quem é fã de Edgar Alan Poe sabe do que estou falando. Essa série é baseada em vários contos do poeta americano e cada episódio é uma releitura moderna de algum conto de Poe. O diretor vai de “The Masque of the Red Death” até “ The Pit and the Pendulum”.
E seguindo o modus operandi de Mike Flanegan vemos o mesmo elenco (praticamente) das outras séries. E os atores estão entregando tudo. A performance absurda da atriz Carla Gugino é estonteante. Sua personagem, Verna, é um anagrama para “Raven” (corvo), e a atriz a define como o próprio corvo, vendo os acontecimentos de um ponto de vantagem, como um poleiro, por exemplo. Gugino não considera sua personagem como um ser maléfico, “ela não é humana, seria uma espécie de executora de karma”, segundo a suas próprias palavras.
Uma boa surpresa foi a escalação do ator Mark Hamill, o querido Luke Skywalker da saga “Guerra nas Estrelas”.
Outra curiosidade sobre a série foi o pedido de Flanegan para a designer de produção e figurinista Laurin Kelsy e Terry Anderson. Ele pediu que cada personagem tivesse uma cor que os representasse, cores que o próprio autor escolheu. O figurino tem um papel muito importante que revela a personalidade dessa família aristocrata.
Pois bem, meu conselho é: tire o final de semana para maratonar essa série que é um emaranhado de “plot twists, “Cliff hangers”, tensão, avidez, ambição, poder, drama, mistério e sim, amor.