Mais de 8 mil denúncias de assédio moral e sexual foram registradas junto ao Ministério Público do Trabalho de janeiro a julho do ano passado. Os dados representam quase o mesmo volume do total de casos de 2022. É em meio a essa realidade alarmante que, no mês em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher (8 de março), o Expressões do Feminino promove uma mobilização em torno da violência contra as mulheres, por meio de duas das mais antigas formas da humanidade de compartilhar conhecimento: o teatro e o diálogo.
A peça “In Cômodos” tem apresentações nos dias 20 e 21 de março e a roda de conversa online no dia 26. O projeto da Actio Desenvolvimento Humano – empresa especializada em treinamentos corporativos com foco em relações interpessoais – com apoio do Grupo Mulheres do Brasil, tem como mote a união do mundo corporativo e da arte como ferramenta de transformação social.
O espetáculo discute os “lugares possíveis” impostos pela sociedade, as situações de violência e assédio a que as mulheres são submetidas e como ampliar o potencial de criação e de atuação feminina no mundo. Com elenco de 20 atrizes e direção de Juliana Sanches, serão duas apresentações no Centro Cultural da Diversidade, seguidas de debate com a plateia.
A roda de conversa tem formato digital, contará com a moderação de Claudia Patricia Luna – advogada, especialista em gênero e violências, diretora da Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica – SP (ABMCJ-SP) – e outras do Grupo Mulheres do Brasil e do mercado de trabalho. A participação é online, no dia 26.03, das 19h às 20h30.
Co-fundadora da Actio, Maria Cristina Sampaulo (ex-Goldman Sachs), destaca que a peça promove uma reflexão para mulheres e homens, gera a identificação da plateia com as vivências retratadas, enquanto a roda de conversa é o momento da troca, da análise dos papéis na sociedade e das reflexões colocadas para todos. “É preciso discutir e conscientizar a todos sobre esses temas para diminuir a violência e combater a postura dos agressores, que tentam desacreditar as vítimas e seus relatos, gerando situações que fragilizam ainda mais as mulheres que denunciam atos de violência no trabalho e em outros ambientes de convivência social. Apesar do número de casos reportados de violência estarem aumentando, sabemos que ainda estão longe da realidade, pois os processos em geral desacreditam as vítimas”, pontua Maria Cristina.
Em 21 de setembro de 2022, a lei de número 14.457 instituiu o Programa Emprega + Mulheres com importantes alterações à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) no sentido de garantir um mercado de trabalho mais inclusivo, equânime, seguro e atento à mulher. “O nosso papel é atuar no engajamento de grandes marcas em torno da relevância desses temas, mobilizando companhias nacionais, multinacionais e transnacionais para a conscientização sobre questões relevantes do universo feminino. A igualdade de gênero faz parte dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU (Organização das Nações Unidas) e é preciso que as empresas, os governos, os cidadãos e a sociedade se comprometam contra a violência e em prol de uma convivência social de respeito, harmonia e equilíbrio em todos os ambientes”, finaliza Maria Cristina.
O projeto tem o apoio institucional do Grupo Mulheres do Brasil, movimento suprapartidário fundado em 2013, com o objetivo de estimular a participação feminina em todos os espaços de poder que envolvam a tomada de decisões em prol do desenvolvimento do Brasil. Sob a liderança de Luiza Helena Trajano, o grupo completou dez anos e atualmente conta com mais de 120 mil mulheres, 154 núcleos regionais, abrangendo 22 países em todos os continentes.
Para Alexandra Segantin, CEO do grupo, o apoio ao projeto Expressões do Feminino reforça “a nossa missão de propagar o protagonismo feminino, utilizando a arte como uma ferramenta poderosa de conexão e sensibilização sobre situações de violência vividas por nós mulheres, mas com potencial para mobilizar a sociedade na busca de soluções concretas para o enfrentamento da violência”.