A comédia dramática “O Figurante” traz o ator Mateus Solano em seu primeiro monólogo, no papel de um figurante que passa a questionar sua própria existência e seu lugar em um mundo que parece mantê-lo em segundo plano. Com direção de Miguel Thiré que contou com a colaboração na dramaturgia de Solano e Isabel Teixeira, a peça fica em cartaz até 31 de março de 2025, sempre às 21h, no Teatro Renaissance, em São Paulo.
A trama mergulha na rotina de Augusto, um figurante que luta para encontrar a si próprio em meio a uma rotina pobre de sentido, que o mantém num lugar muito aquém da sua potência como ser humano. “O Figurante” reflete sobre a dificuldade de se conectar com a própria essência e sobre os desafios de assumir o controle da própria narrativa.
“Somos um animal que cria histórias para viver e um mundo para acreditar. Na ânsia em fazer parte desse mundo, acabamos por nos afastar de nós mesmos a ponto de não saber se somos protagonistas ou figurantes de nossa própria história”, reflete Solano.
A dramaturgia foi construída a partir do método Escrita na Cena, desenvolvido por Isabel Teixeira, que estimulou o ator a explorar sua própria criatividade por meio de improvisos. As cenas criadas por Solano foram gravadas, transcritas e reelaboradas por Isabel para compor o texto final, preservando a autenticidade das reflexões do personagem.
“Atores e atrizes escrevem no ar da cena, onde vírgula é respiração e texto é palavra dita e depois encarnada no papel. Essa é a tinta de base usada para escrever ‘O Figurante’. Partimos de improvisos de Solano e posteriormente mergulhamos no árduo e delicioso trabalho de composição e estruturação dramatúrgica. ‘O Figurante’ coloca no centro o que normalmente é deixado de lado, ampliando o olhar para o que muitas vezes passa despercebido”, explica Isabel.
A peça dá continuidade à pesquisa de linguagem desenvolvida há anos por Thiré e Solano: uma encenação essencial, que se vale basicamente do corpo e da voz como balizas do jogo cênico. No palco nu, Solano dá vida ao figurante e demais personagens através do trabalho mímico.
“Sempre acreditei em um teatro que debate direto com a sociedade, que toca o público. O que queremos dizer? Como vamos dizer? Neste quinto trabalho juntos, ao invés de dividirmos o palco, passo eu para esse lugar de ‘espectador profissional’ que é a direção. Acompanho o trabalho desse brilhante ator (Mateus Solano) que dá vida a um outro ator (o personagem) que, por sua vez, não consegue brilhar. ‘O Figurante’ busca colocar o foco onde normalmente não há. O trabalho é fazer este personagem quase desaparecer, estar fora de foco, ser parte do cenário”, finaliza o diretor.
Teatro Renaissance – Alameda Santos, 2.233, piso E1, Jardim Paulista, São Paulo, SP.