A Luciana Brito Galeria apresenta, a partir de 23 de novembro, “Eu Escuto”, a segunda mostra do Estúdio Campana na galeria. A mostra reúne um conjunto inédito de trabalhos que reforça o DNA Campana e, sobretudo, reflete a produção de Humberto Campana dois anos após a partida de seu irmão e cofundador. “Eu Escuto”, dessa forma, resgata a memória de Fernando Campana, em uma homenagem que celebra seu legado e remete ao início da trajetória da dupla.
Mais de 20 trabalhos compõem a exposição na Sala Modernista da galeria, em um diálogo com o espaço que evoca a identidade brasileira. O conhecimento vernacular e as técnicas artesanais têm sido elementos preciosos para a pesquisa dos Campana, sendo aqui revisitados por Humberto, que se mantém fiel à essência de materiais como o bambu, a terracota e o ferro, e atribui um olhar mais espiritualizado, apontando para um novo momento criativo.
“Esse período de dois anos exacerbou meus sentidos de maneira muito profunda. O silêncio e a reflexão sobre o aprendizado da história que tracei com Fernando me mostrou que, essencialmente, aprendemos a ouvir um ao outro. Não necessariamente em concordância, porém sempre abrindo espaço para o olhar de cada um. Hoje, eu posso dizer que continuo ouvindo e aprendendo com ele através de sonhos e memórias de tantos anos trabalhando juntos, o que talvez explique a explosão de ideias destes últimos anos”, diz Humberto.
A terra é o material condutor da mostra “Eu Escuto”, utilizada na grande maioria dos trabalhos. Outra técnica utilizada, o adobe na arquitetura carrega a tradição do fazer manual e da sabedoria popular. A partir da combinação de terra e fibra vegetal, esse método foi aplicado pelo Estúdio Campana nas peças utilitárias “Console Figueira” (2023), “Estante Paineira” (2023) e “Armário Adobe” (2024). O bambu, outro material essencial na cultura vernacular brasileira, volta a ser utilizado. A mostra traz, além de outras peças, a luminária de bambu e alumínio, “Chandelier Umburuçu” (2024).
“Eu Escuto” reúne, ainda, a dupla de tapetes “Antiqua” (2024) e “Marc” (2024). Produzidos com seda e algodão, eles foram fabricados artesanalmente na Guatemala, por meio de técnicas ancestrais da região de Antiqua. Além disso, a mostra apresenta a “Poltrona Raízes” (2023), uma nova reiteração da série, feita com sobras de pele de carneiro que sugerem a textura dos musgos das árvores.
Humberto assina também um conjunto inédito de desenhos, que evoca a conexão com a vida e sua capacidade de regeneração. As formas de células, que se transformam em estruturas vivas imaginárias, fazem alusão à multiplicação, vibração e movimento das espécies.
Luciana Brito Galeria – Avenida Nove de Julho, 5.162, São Paulo, SP. Até 20 de dezembro de 2024.