A Japan House São Paulo abriga a exposição “A Vida Que Se Revela” das fotógrafas japonesas Rinko Kawauchi e Tokuko Ushioda, recorte do Festival Internacional de Fotografia Kyotographie, realizado em Quioto, no Japão, no primeiro semestre deste ano.
Incentivada a convidar um colega de profissão para uma exposição em conjunto, Rinko chamou uma fotógrafa mais velha, Tokuko Ushioda, por versar sobre os mesmos temas que lhe são sensíveis: o cotidiano e a vida das famílias em seus lares, porém sob outro prisma geracional.
Para a exposição, que conta com quatro séries, cada fotógrafa traz dois olhares. Tokuko, que, junto a seu marido, também fotógrafo, está pela primeira vez no Brasil, traz duas séries de fotografias: “Ice Box”, que descreve características das pessoas pelo conteúdo de suas geladeiras e “My Husband”, que demonstra a formação de sua família, aos primeiros anos de vida de sua criança e ao lado de seu marido, em meados das décadas de 1970 e 1980. Para a série “My Husband”, brinquedos e objetos antigos da criança foram trazidos para a exibição.
Rinko traz as séries “Cui Cui” e “As It Is“. “Cui Cui” é a onomatopeia da língua francesa para o som emitido pelo pardal, palavra que aprendeu ao folhear um dicionário de francês durante os preparativos para a primeira exibição dessa série num museu em Paris. “Cui Cui” demonstra a vida de sua família como um todo, com retratos de seus parentes e acontecimentos de sua família. Já a série “As It Is” traz fotografias dos três primeiros anos de vida de sua filha, assemelhando-se ao tema de Tokuko.
Além das fotografias, a exposição conta com vídeos imersivos no universo sensível das fotógrafas.
No diálogo intergeracional é perceptível a diferença técnica das fotografias. Tokuko traz fotografias analógicas, de filme, que datam das décadas de 1970 e 1980. Já Rinko traz algumas fotografias já digitais, ao começo dos anos 2000, além de outras em filme colorido por tratamento.
Leia a seguir entrevista que Tokuko Ushioda deu ao CHNews.
Quais as suas impressões sobre o Brasil ao expor suas fotografias pela primeira vez no país?
Tokuko: Essa é minha primeira vez em São Paulo e para mim, estar aqui é realmente algo muito impactante. Todas as experiências que tive aqui foram muito boas e também tivemos todo o suporte e o apoio incrível da equipe durante toda a nossa estadia, então gostaria de registrar esse agradecimento à equipe da Japan House São Paulo e a todos que deram toda essa força para que a exposição fosse montada e realizada, então fico muito feliz e extremamente honrada por essa oportunidade.
Como foi receber o convite de Rinko Kawauchi para participar da Kyotographie em conjunto com ela?
T: Bom, ela me convidou para fazer parte da exposição junto com ela e eu fiquei extremamente feliz com essa oportunidade, nós duas criamos essa exposição em conjunto, e eu fiquei muito orgulhosa com essa possibilidade. Não é uma exposição de duas fotografas que trabalham juntas, na verdade trabalhamos o mesmo tema mas são duas exposições independentes, e termos feito essa exposição em Kyoto e depois aqui em São Paulo é realmente algo muito bom, significa que esse convite foi realmente muito incrível. E São Paulo, o Brasil, na verdade, sinto que é realmente um lugar muito diferente dos outros para mim. Aqui em São Paulo fui muito bem recebida, e acredito que ter sido muito bem recebida aqui foi em parte graças ao país ter a palavra “saudade”. Acho que aqui tem pessoas que sabem o sentimento da saudade e acho que isso foi muito importante nesse processo de ser recebida aqui, realmente fico muito feliz com essa oportunidade.
Pode falar um pouco mais sobre as semelhanças e diferenças dos trabalhos de vocês duas?
T: Temos os mesmos interesses, acho que este é um ponto de semelhança, mas a forma de expressar tudo isso é muito diferente, né? Eu acho que além da expressão ser diferente, é que cada uma, com o seu olhar sobre o mesmo tema, expressa as coisas de uma forma tão diferente que é realmente algo que me impressionou. Na verdade, ela tem a capacidade de criar um ambiente meio fantástico, acho que sai um pouco dessa realidade bruta, assim, ela cria um mundo fantástico e isso é algo que eu não consigo fazer. Mas ela consegue expandir esse universo com a fotografia. Vendo a fotografia dela e o meu trabalho, eu tenho certeza de que eu tenho que seguir a minha forma de expressão, porque, enfim, cabem formas diferentes de expressão sobre o mesmo tema.
Japan House São Paulo – Avenida Paulista, 52, Bela Vista, São Paulo, SP. Até 13 de abril de 2025. Grátis.
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