Em 2025, o Grupo Tapa inicia os seus trabalhos incorporando um novo autor em seu repertório: Georges Feydeau (1862-1921). Permeando o universo da sátira social e o absurdo da vida doméstica e política, o Festival de Comédias do Grupo Tapa reúne duas peças curtas do dramaturgo francês com direção de Eduardo Tolentino de Araujo: “A Falecida Senhora Sua Mãe” (a partir de 9 de janeiro, com sessões quintas e sextas, às 20h) e “Não Andes Nua Por Aí” (a partir de 11 de janeiro, sábados, às 20h, e domingos, às 19h).
“Feydeau ficou particularmente conhecido como escritor de vaudeville, não era visto como um autor de comédias, o que acabou sendo revisto com essas peças posteriores, devido a sua dinâmica e acabamento. As tramas são pequenas radiografias da classe média do início do século 20 que começou a ocupar os espaços urbanos de Paris com a chegada dos boulevards. São peças que exigem muito da atuação em função dos tempos cômicos e o jogo entre os atores”, enfatiza Tolentino.
“A Falecida Senhora sua Mãe”, de 1908, gira em torno de uma série de mal-entendidos e confusões após a morte da mãe de um dos personagens principais. Com o humor característico do autor, a trama envolve heranças, trocas de identidade e situações absurdamente engraçadas, expondo o ridículo das convenções sociais da época. “Inclusive, a peça foi a primeira de Feydeau a entrar no repertório do Teatro da Comédie-Française. Tem uma série de reviravoltas e quiprocós dos personagens que revelam o falso bom-mocismo dessa classe média”, enfatiza o diretor.
A história se passa em um quarto, onde o protagonista está vestido de Luis XIV após chegar de uma festa a fantasia, com uma cenografia que utiliza o preto e o branco com o decorrer da trama. O elenco conta com Fernanda Viacava, Fernando Nitsch, Paloma Galasso e Mauricio Bittencourt.
Já “Não Andes Nua Por Aí”, de 1911, satiriza a sociedade burguesa da época, abordando temas como a moralidade. A trama gira em torno de Ventroux, um político que está preocupado com sua imagem pública e o comportamento inadequado de sua esposa, Clarice, que tem o hábito de andar pela casa em trajes menores. As situações cômicas se desenvolvem quando visitas inesperadas ocorrem, incluindo um político da oposição e um jornalista de um grande jornal que pode comprometer a carreira de Ventroux.
O ambiente do espetáculo é mais solar em meio ao verão europeu com homens vestidos de linho e a personagem feminina com uma camisola de renda transparente que desencadeia as preocupações do político protagonista. Nesta montagem, os atores são André Garolli, Camila Czerkes, Laerte Melo e Mauricio Bittencourt. “Aqui o que mais preocupa são as aparências, a hipocrisia da classe política. São questões que conversam muito bem com o nosso tempo atual”.
Teatro Itália – Av. Ipiranga, 344, República, São Paulo, SP.