A galeria Nara Roesler São Paulo apresenta, em parceria com o Instituto Tomie Ohtake, “Infravermelho”, com mais de 15 pinturas de Tomie Ohtake (1913-2015), artista nipo-brasileira considerada um dos grandes nomes da arte. A curadoria é de Paulo Miyada, diretor artístico do instituto, e a exposição terá ainda uma escultura da artista, em tubo metálico pintado de branco, e um conjunto nunca mostrado ao público de pinturas de 30 cm x 30 cm, estudos de suas obras.
O arquiteto e designer Rodrigo Ohtake, neto da artista e vice-presidente do Instituto Tomie Ohtake, fará uma intervenção expográfica, criando uma segunda pele nas paredes das duas primeiras salas, com um painel de chapas metálicas perfuradas, em um plano sinuoso que envolverá esses espaços.
“Infravermelho” oferece uma oportunidade de aprofundar o olhar sobre uma importante etapa do trabalho da artista. Tomie Ohtake é um dos nomes integrantes da 60ª Bienal de Veneza, “Stranieri Ovunque/Foreigners Everywhere” – 20 de abril a 24 de novembro de 2024 – , que tem como curador o brasileiro Adriano Pedrosa. Seu trabalho irá compor o núcleo histórico modernista latino-americano e diaspórico.
“Infravermelho” reúne trabalhos majoritariamente desenvolvidos ao longo da década de 1990, quando a artista consolida a transição, iniciada dez anos antes, do uso de tinta acrílica em detrimento da tinta a óleo. O uso dos pigmentos diluídos em água permitiu Tomie explorar as transparências, as veladuras, a fluidez, de uma forma que não teria sido possível com a tinta óleo, em que os solventes são mais espessos, além de altamente tóxicos. “A água é a própria noção de fluidez, e isso permitiu com que Tomie lidasse com texturas que são menos controladas, do que as da pintura a óleo”, observa Miyada. “Uma pincelada muda a cor e a densidade, e as obras caminham para uma composição mais sintética”. Ele explica que nos anos 1960 as obras de Tomie tinham o fundo mais claro, onde “flutuavam retângulos, quadrados de cor. Nos anos 1970 e 1980, o fundo foi sumindo e os planos coloridos se expandiram, com bordas bem definidas”.
Miyada ressalta que o trabalho abstrato de Tomie Ohtake “sempre foi altamente evocativo, e provoca emoções, sensações, estimula o campo cinestésico”. “As pessoas projetam algum tipo de associação, de emoção, até as associações analógicas, vendo imagens aquáticas ou cósmicas, planetas, lua, sol”, explica.
Nara Roesler, São Paulo – Avenida Europa, 655, Jardim Europa, SP. A mostra fica em cartaz até 8 de junho.