A galeria Millan recebe, pela segunda vez, uma individual da artista paranaense Lidia Lisbôa (1970, Terra Roxa, PR, Brasil), que apresenta “O Teatro”, com abertura em 14 de setembro, das 11h às 15h. A mostra tem curadoria de Cristiano Raimondi e reúne uma ampla gama de materiais e suportes – têxteis, cerâmica, bronze, desenhos – apresentados em uma instalação imersiva. Ao longo da exposição, o espaço receberá performances e ativações, configurando-se como um palco onde as histórias e os gestos da artista possam ganhar forma.
O trabalho de Lidia é resultado de uma prática que constantemente entrelaça arte e vida, corpo e memória. A nova exposição permite adentrar seu universo poético por meio de uma montagem instalativa, na qual o piso e parte das paredes são recobertos por um carpete rosa. A cor aqui é símbolo de uma força visceral, como define o curador, apontando para as dimensões interna e externa da obra da artista. “Teatro como metáfora e simulacro, teatro como espaço ideal para falar da vida, teatro como lugar de sacralidade e concentração”, afirma Raimondi. Esse aspecto cênico também remonta ao início da carreira da artista, quando integrou grupos teatrais, além de trabalhar em ateliês de costura e atuar como figurinista.
A exposição reúne séries já consagradas, como os “Cupinzeiros”, esculturas criadas em cerâmica ou bronze; “Os Cordões Umbilicais”, nos quais ela desenha linhas fluidas no espaço empregando fios de arame, botões e porcelana; “As Tetas Que Deram de Mamar ao Mundo”, esculturas têxteis criadas com crochê; e “Os Casulos”, também de crochê, que são objetos vestíveis usados em performances. Em todos esses trabalhos a manualidade é uma característica determinante, atuando como exercício de construção subjetiva.
“O Teatro” também inclui obras sobre papel como a série “Frutas” (2009), “Mulher” (1995) – ambas expostas pela primeira vez – e os desenhos recentes da série “Memórias de Renda”. Criados com nanquim ou aquarela, esses trabalhos revelam uma escala mais íntima da poética de Lidia e atestam uma prática incessante, que se manteve vigorosa ao longo dos anos. “A mesma energia que eu coloco em uma bola de argila, coloco também em um desenho no canto do papel ou em uma escultura enorme de crochê”, afirma a artista. “Estamos sempre nos reinventando”.
Lidia também está atualmente em cartaz com as individuais: “Têta”, no MAR (Museu de Arte do Rio) até 3 de novembro; e “Mulher Esqueleto”, no Sesc Araraquara até 19 de janeiro.
Millan – R. Fradique Coutinho, 1.360, Pinheiros, São Paulo. Até 19 de outubro de 2024.