Neste sábado (26.10), às 11h, a Galeria Maria Razuk, em SP, abre duas mostras simultâneas na salas 1 e 2 em seus endereços no Itaim Bibi. “Comigo-ninguém-pode” é a terceira exposição individual de Ana Dias Batista. Conhecida por seu trabalho multifacetado, que a cada projeto se aproxima de um campo do mundo da vida, a artista transforma a galeria em uma loja de plantas.
Já “Das paisagens, dessas que vêm aos lábios”, de Maria Andrade e Raquel Garbelotti, propõe um diálogo entre trabalhos das artistas e seus processos que lidam com distintas ideias de paisagem contemporaneamente.
Aproveite o sábado para encher a cabeça de arte!
“Comigo-ninguém-pode”, Ana Dias Batista
Uma instalação, especialmente concebida para o espaço original da galeria no térreo do Edifício Gisele, se apropria de materiais comuns nesses estabelecimentos, como flores, cactos, espuma floral e vasos, submetendo-os a arranjos que subvertem ou ampliam a percepção cotidiana. O visitante pode de fato comprar e levar objetos – plantas, vasos e até pedaços do piso feito inteiramente de tijolos de espuma floral. No entanto, o funcionamento “real” não impede a loja de instaurar ficções: procedimentos de linguagem deslizam entre objetos fabricados e plantas naturais; indivíduos híbridos, formados por enxertia, compartilham um nome popular; plantas que se parecem com órgãos de animais ocupam vasos no formato de caracteres-curinga, ou murcham e se propagam ao longo da exposição.
O projeto inclui ainda obras de dois artistas convidados: a poeta Ana Martins Marques e o artista João Loureiro. Ao evocar as conotações da planta popularmente conhecida como “Comigo-ninguém-pode”, a artista reforça o trânsito de significados e abre espaço para reflexões sobre linguagem, natureza e representação.
Galeria Marilia Razuk – Sala 2 – Rua Jerônimo da Veiga, 62, Itaim Bibi, São Paulo, SP.
“Das paisagens, dessas que vêm aos lábios”, Maria Andrade + Raquel Garbelotti
As obras destacam as singularidades de poéticas das duas artistas, ao passo que acentua como a paisagem, ou até mesmo, o meio ambiente, algo que a princípio seria externo, se torna uma instância que atravessa nosso ser, nosso corpo e atua intensamente na percepção que temos de mundo.
A curadora Galciani Neves destaca como o espaço expositivo vai evidenciar os diferentes suportes, pesquisas e materialidades de Maria e Raquel, e como os relatos de paisagens criados pelas artistas se entrelaçam.
Enquanto Maria utiliza a pintura como linguagem majoritária, na qual pinta paisagens inventadas de sua memória, numa interlocução entre consciente e inconsciente, pois ao mesmo tempo que há referências visuais de lugares visitados, como sua última residência artística no Marrocos, e a paisagem do interior de Minas Gerais, local onde ela tem um sítio, o processo de criação da artistamse dá com imagens que surgem rapidamente na tela, num fluxo quase imediato dos gestos que constituem suas pinturas, característica marcante em sua obra.
Raquel, por sua vez, concentra-se na pesquisa em que revivencia os processos dos jardins modernistas de Burle Marx e os displays de Lina Bo Bardi. Seus trabalhos também atravessam temas como a do mito de Sísifo e a Pedra. A artista se vale também de processos de deslocamentos de elementos da paisagem para o espaço expositivo. Outros trabalhos perfazem o trajeto do maior dos mitos – o das grandes navegações e suas conquistas. Estas são rememoradas na exposição em esculturas/fragmentos de uma paisagem oceânica ancorada na modernidade. Os trabalhos apresentados materializam algo entre aquilo que foi plantado/planejado e o que foi finalmente colhido/apresentado, quer seja no mar, na terra ou nas grandes altitudes.
Arquitetos e artistas que colaboraram com os projetos de Raquel: Murillo Paoli, Giovanna Cruz Durão e Diego Kern Lopes.
Galeria Marilia Razuk – Sala 1 – Rua Jerônimo da Veiga, 131, Itaim Bibi, São Paulo, SP.