A Galeria Marcelo Guarnieri recebe, entre 30 de julho e 3 de setembro de 2024, a segunda exposição individual de Mariannita Luzzati (1963, São Paulo), na unidade de São Paulo, que conta com texto crítico de Luiz Armando Bagolin. A galeria convida o espectador a refletir sobre o vazio e o silêncio, Mariannita desenvolve sua prática pictórica a partir do interesse pela paisagem e pela simbologia elementar da contemplação que vem associada a ela. Em sua pesquisa, a artista tenta refletir sobre a ideia de “restauração” da paisagem, que diz respeito a um mundo sem excessos, sejam eles de informação, de imagens ou de cores. A ação de esvaziar pode ser observada não só nas paisagens silenciosas que nos apresenta, mas também na paleta de tons rebaixados que utiliza e até mesmo no aspecto difuso da pintura que dá conta de nublar os elementos da cena.
A partir de um sistema pictórico próprio que desenvolveu há mais de 25 anos, Mariannita apresenta nesta exposição um diálogo entre pinturas inéditas e pertencentes a séries anteriores, onde a variação de escalas se faz evidente. Como observa Bagolin: “O ponto de inflexão entre as telas maiores e as novas, menores, parece ser exatamente este, ou seja, o desejo da artista em tornar tudo o que vê mais próximo, no sentido de mais familiar, por mais que os sentimentos de isolamento e inacabamento prevaleçam. E por maior que seja a dimensão do campo colorido (ou do quadro pintado), nunca é ao monumental que sua obra se endereça. Se sua pintura dispensa propositadamente uma profundidade, dispensa igualmente a escala da paisagem como algo épico e farsesco. O seu trabalho, ao contrário, oscila sempre entre um campo de projeção de um espaço físico observável e um espaço de pura imanência que pertence à realidade da própria pintura. Por isso, é avesso também ao sublime grandioso ou terrível (imaginado por Edmund Burke)”.
Por meio da tinta diluída, sobrepõem-se camadas muito leves que dão corpo a rochedos muito pesados, rodeados pela imensidão do imprevisível oceano. Há uma troca entre cor e forma, onde uma se constrói enquanto a outra se desmancha. Em suas novas pinturas, Mariannita passeia por tons azulados e esverdeados por meio do uso de pigmentos como verde ftalo, óxido de cromo verde, azul ultramar e azul cobalto, aproximando-se assim, como observado por Bagolin em seu texto crítico, de um momento da tradição da pintura de paisagem inglesa em que o pintor do gênero buscava uma emancipação e autonomia.
Galeria Marcelo Guarnieri – Alameda franca, 1.054, Jardins, SP.