Entrelaçando percursos e obras singulares. Não à toa a celebração das cores é o ponto de partida do ateliê aberto que Elisa Stecca e Willy Biondani promovem, na quinta (07.12), no ateliê da artista, no bairro do Sumaré, na zona oeste de São Paulo.
Colaboradores de longa data, a dupla encerra o ano apresentando 30 obras inéditas, que dialogam entre si ou que foram produzidas em conjunto. O foco são transparências e sobreposições com registros de trabalhos em vidro e tecido. Materiais que uniram a dupla em editorias de moda nos anos 90. A tecelagem, arte milenar, que existe desde que o mundo é mundo, ganha novas roupagens nos olhares e instalações dos artistas empenhados em abordar leveza e luminosidade no contexto estético.
A artista paulistana Elisa Stecca dá sequência ao trabalho em tecido iniciado com “Temps Suspès”, de 2018, em Barcelona, e retomado neste ano com a série “Folheáveis”, na Galeria Choque Cultural, em São Paulo. A artista apresenta várias camadas de tecidos transparentes sobrepostas, criando “aquarelas com tecidos” ou ainda “tapeçarias translúcidas” com cores fluorescentes que funcionam como retículas, aliadas aos tecidos metalizados. Metais que remetem a outros recorrentes suportes das obras da artista, tanto na joalheria quanto nas artes plásticas. Além disso, Elisa apresenta, na exposição, esculturas e objetos construídos em latão e vidro espelhados. “A proposta do ateliê aberto é justamente dividir a pesquisa que temos desenvolvido em conjunto, propor um diálogo e aproximar o público do processo”, explica Elisa.
O fotógrafo paulistano Willy Biondani retoma a série “Transparences” iniciada em Paris, em 1994, feita a partir da superposição de garrafas, que evoca o embriagar-se de amor, misturar-se ao outro. Na série, explora a sensação de embriaguez causada pela deformação dos contornos da realidade vista pelos olhos dos apaixonados. O artista trabalha com o negativo, a alma da imagem fotográfica, e leva o espectador a imaginar o contrário das cores e o jogo de luz e sombra, criando desafios para o olho e o cérebro. “Ao penetrar no laboratório mágico do ateliê da Elisa, veio o desejo de retomar esse trabalho, mas agora com um novo olhar e viés. Esta série de fotos nos convida a mergulhar em múltiplas dimensões, propondo um jorro de cores como alternativa para uma realidade que se mostra cada dia mais sombria e distópica. É um trabalho de resistência que evoca a vida e suas dimensões extraordinárias, a alegria como grande motor da alma, e a criação como única alternativa contra a sociedade contemporânea do medo”, destaca Biondani. Fotógrafo e cineasta, ele soma mais de 40 anos de experiência no audiovisual.
Ateliê Elisa Stecca – Av. Dr. Arnaldo, 1.975 – Sumaré, SP.