Não é de hoje que Maria Grazia Chiuri opta por trazer em suas coleções de alta-costura na Dior uma visão mais realista do que lúdica de um closet impecável para a mulher da maison. Para a diretora criativa, a diferença entre o prêt-à-porter e couture está na forma e desejo da cliente, da imediatista e fashionista para a entendedora e que respeita o savoir faire centenário da casa. Já era de se esperar uma coleção menos chamativa, uma arara completa do dia à noite com peças transitórias entre si e complementares as que já possuem. Uma coleção para colecionadoras!
Sempre buscando beber da fonte de trabalhos inspiradores de artistas mulheres que tenham fervilhando em suas obras o pensamento feminino, Chiuri ambienta os convidados nesta temporada na exposição da também italiana de 93 anos Isabella Ducrot, intitulada “Big Aura” que conta com 23 vestidos de cinco metros cada um. Pinceladas irregulares, cores ousadas, grafismos, geometria, assimetria e texturas transbordam das obras que ainda contam com aplicações de tecidos – material sempre presente no trabalho da artista – que foram bordados na Chanakya School of Craft em Mumbai, que também são colaboradores e apoiados pela Dior.
A paixão da artista pela moda se une à paixão da diretora criativa pela pesquisa. A partir dos arquivos da label e do olhar para as ruas, a peça queridinha das francesas, o trench-coat, ganha a pompa couture em versões ultrafemininas, com saias rodadas, pregueadas, mangas e golas diversificadas, tudo no tradicional caramelo lavado que predomina o início do desfile. Por baixo também tem de tudo: de calças amplas a saias godê, evasê, lápis, plissadas ou com plumas, assim como no clássico “tailleur bar” que desta vez aparece em versões com fechamento transpassado, como quimonos.
Assimetrias, torções e bordados nos decotes modernizam as silhuetas anos 1950 clássicas de Dior, agora dando aquela pitada sexy despretensiosa à coleção, que ainda conta com ótimos vestidos de festa decorados de visual leve, descomplicado e atemporal, com flores, pássaros e prints de bolinhas. Se vestir é um ato diário de todos nós, e na couture da Dior também é uma expressão de si. Essa é a especialidade da casa: uma roupa única, sob medida e eternamente elegante.
Veja os destaques: