Mudança é sempre um perrengue, escolher um espaço que consiga abrigar meus pertences, bagagens, meu olhar para o futuro, sonhos, tudo em um só lugar é quase que impossível tamanha a concorrência comparada às ofertas. Mas digamos que exista este espaço, e ele esteja disposto a alugar. Assinam-se o contrato de locação, e a data da mudança é finalmente marcada, toda sua vida em caixas, suas relíquias preciosas muito bem embaladas esperando este novo lar.
Pois bem, a imobiliária só te conta de véspera que a casa vem mobiliada. Décadas e mais décadas de acúmulos tão preciosos como os seus, muitos certamente farão um feat perfeito aos pessoais bibelôs, os excessos ora decadentes para você ao tirar o primeiro véu empoeirado salta-se aos olhos e te encanta. Você, com calma, para e respira essa história e pensa ‘sou Alessandro Michele e estou ainda conhecendo o proprietário do imóvel Valentino, vou aproveitar cada momento que puder nessa jornada de descobrimento até a casa ficar como um dia se imaginou ser.’
Não teve nem tempo de passar a conta de luz para o nome, o desfile na penumbra exalta o jogo de luz que reflete nos belos tecidos brilhantes e bordados que acendem a coleção, que ainda que tenha muito de Michele tem muito de Valentino e sua paixão pelo feminino, delicadeza e elegância, reflete de forma ainda desfigurada nos espelhos quebrados de uma passarela sinuosa e cintilante.
Acessórios não faltam: chapéus, colares, broches, laços, turbantes e headpieces somam-se à um mix de texturas dos tecidos como rendas, tafetás, sedas e jaquards, que mais parecem pertencer a um catálogos de restauração de móveis e cortinas antigos, mas que surgem modernos e interessantes nas camadas de babados ou quando vistos no todo do look.
A ansiedade do mercado em ver logo a “nova” Valentino terá de esperar e acompanhar, como naqueles realities de reforma de casa. Ainda está tudo na camada das descobertas, tem todo um time de curadoria, limpeza, arquitetos e decoradores para inspecionar o imóvel antes de qualquer martelada definitiva. Mudar é realmente um saco, mas que bom que este é da Valentino cheio de referências maravilhosas para que a ousadia de Michele possa brincar!