A Companhia de Teatro Heliópolis apresenta o espetáculo “Quando o Discurso Autoriza a Barbárie“, na Casa de Teatro Mariajosé de Carvalho (sede do grupo), entre os dias 09 de novembro e 1º de dezembro de 2024. As sessões são gratuitas, aos sábados, às 20h, e domingos, às 19h. Reservas devem ser feitas pela plataforma Sympla.
Com encenação de Miguel Rocha (indicado ao Prêmio APCA 2023), a montagem coloca em cena fragmentos de períodos históricos do Brasil que elucidam as barbáries praticadas pelo Estado, “justificadas” e naturalizadas pelo discurso político nas mais diferentes esferas públicas e que continuam sendo direcionadas aos mesmos corpos.
O espetáculo é resultado de pesquisa da Companhia sobre como o Estado brasileiro, há mais de cinco séculos, desde o início da colonização portuguesa até o atual cenário político-social, vem autorizando a barbárie e seus atravessamentos, justificando privilégios, hierarquias e opressões. A companhia compreende que investigar as origens da violência social implica compreender como a história se repete: primeiro, como tragédia; depois, como farsa, conforme Karl Marx já assinalara.
Quando o discurso autoriza a barbárie desvela muito desse conjunto de visualidades e enunciados que sustenta a violência estatal e institucional no Brasil contemporâneo. Ao radicalizar a pesquisa ético-estética desenvolvida nos últimos anos, a Companhia de Teatro Heliópolis aposta numa encenação híbrida, apoiada no desdobramento de imagens-síntese, em que os corpos das atrizes e dos atores, em diálogo com o próprio espaço cênico e suas materialidades, compõem o eixo dramatúrgico principal. E assim põe em xeque a organização lógica de eventos que compõem a história oficial do Brasil.
“A investigação do espetáculo constata que a barbárie e a violência sempre foram patrocinada pelo Estado, desde a exploração e dizimação dos indígenas, do uso de mão escrava, da exploração das riquezas naturais a qualquer custo e da repressão na ditadura militar. Para discutirmos estas e outras questões sociais, culturais e políticas contemporâneas, precisamos voltar o olhar para o passado, para a origem, pois elas sempre estiveram presentes”, comenta Rocha.
Casa de Teatro Mariajosé de Carvalho – Rua Silva Bueno, 1.533, Ipiranga, São Paulo, SP.