Um grupo de 28 artesãs do Piauí, com idades entre 18 e 70 anos, estão conquistando o mercado nacional de bolsas e artigos de decoração – e dando os primeiros passos para o mercado internacional. A história é contada no documentário “Entre tranças e tramas: a revolução artesanal das mulheres da carnaúba”, com direção da cearense Caravela Studio, que será lançado nesta quinta-feira (04.04) na Casa Gabriel, em São Paulo, e disponibilizado no canal do YouTube da Organização Internacional do Trabalho.
Moradoras de Campo Maior e Piripiri, municípios no interior do estado onde foram registrados casos de trabalho análogo à escravidão, elas se dedicam ao trançado com a palha de carnaúba, uma técnica ancestral que corria risco de desaparecer devido à falta de apoio para a produção e de canais de venda.
Em 2016, foram registrados os casos de trabalhadores em condições análogas à escravidão na região. Em 2020, nasceu o “Plano de Promoção do Trabalho Decente na Cadeia Produtiva da Carnaúba”, lançado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), para promover melhores condições de trabalho e a justiça social para os agricultores e as agricultoras desses dois municípios. Em uma parceria entre a OIT, o Sebrae-PI e a agência de fomento alemã GIZ, dois grupos de mulheres de Campo Maior e de Piripiri receberam treinamento em artesanato com foco no trançado da palha da carnaúba.
“Essas oficinas foram um resgate de tudo o que a gente já fazia, mas dando nova roupagem, trazendo um novo olhar. Porque antigamente uma bolsa de palha só servia para a praia, né? E hoje, se bem feita, com criatividade, pode ser usada em qualquer lugar”, explica Elisângela Pereira da Silva, líder das artesãs.
Com consultoria da plataforma Nordestesse, as peças foram ainda mais aperfeiçoadas e inseridas no mercado nacional. A produção de Piripiri foi batizada de Natupalha (@natupalha), enquanto o grupo de Campo Maior recebeu o nome Curicacas (@usecuricacas), e os artigos são comercializados tanto virtualmente quanto em feiras de artesanato. Em São Paulo, os itens de decoração das Curicacas também são vendidos a lojistas de todo o país, por meio do showroom Galpão Central – Alma Brasileira (@galpaocentral), localizado na Barra Funda.