Os trabalhos de grandes nomes do modernismo como Ismael Nery, Alfredo Volpi, Alberto da Veiga Guignard, Portinari, entre outros, podem ser vistos em exibição na Galeria Blombô, a partir desta quarta-feira (27.03) até 12 de abril. Entre os destaques das 70 obras que compõem a mostra “De Portinari a Metaesquema: uma exposição para lembrar”, a obra “Figura de Mulher” de Ismael Nery (1929) é uma das mais importantes.
O óleo sobre cartão possui 38 x 46,4 cm e está reproduzido no livro de maior relevância sobre o artista – “Ismael Nery”, por Antonio Bento, publicado pela editora Gráficos Brunner, SP, 1973.
Nascido em Belém, no ano de 1900, Nery é considerado precursor do surrealismo no Brasil, título que recebeu após suas criações surgirem com o estilo típico dessa corrente, posterior a ter contato com o francês, de origem russa, Marc Chagal, em viagem que fez à Europa em 1927.
O artista que faleceu ainda muito jovem, em 1934 – até por isso sua obra é pequena e rara -, só teve seu reconhecimento após suas obras serem exibidas nas bienais de 1965 e 1969. Na atualidade Nery é exaltado como um dos maiores artistas de sua geração, ao lado de Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti.
É do mestre Portinari a obra “Baiana”. Datada de 1953, o trabalho é uma relíquia entre as criações do artista. Um óleo sobre tela com 60,8 x 50 cm, “Baiana” participou de importantes exposições como a mostra “Portinari” que aconteceu no Masp em 1954, além da “Mostra di Cândido Portinari”, no Palazzo Reale de Milão em 1963. Nascido na cidade de Brodowski, interior de São Paulo, em uma fazenda de café, o filho de imigrantes italianos e integrante de uma família de 11 irmãos, Portinari é um
dos artistas brasileiros mais emblemáticos no cenário das artes no Brasil. Ele, que pintou mais de 5.000 obras ao longo dos anos de uma grande produção artística, retratou o Brasil e importantes acontecimentos históricos a partir do seu ponto de vista social no qual negros, mulatos e trabalhadores são figuras constantes.
Outro artista de destaque, Hélio Oiticica que começa sua carreira no final da década de 1950, se torna uma das principais figuras do neoconcretismo brasileiro. Exposição e leilão Blombô apresentam a obra “Metaesquema”, um guache sobre cartão de 1958 que reflete essa estética ligada ao movimento. Inventivo, o performático artista que também era pintor e escultor, fez experimentos na busca em fundir vida e arte, sendo comum a ativa participação do público em suas criações.
“Metaesquema” traz experimentações com cores, formas abstratas geométricas, com o espaço e é parte de uma série onde o artista já começa a demostrar o conflito entre o ambiente pictórico e o extrapictórico. São os primeiros passos para desenvolver trabalhos que trouxessem maior interação com o público, marcando a saída das telas que deu espaço para criações tridimensionais e instalações.
Galeria Blombô – Av. Cidade Jardim, 86, Jd. Europa, SP.