A Gucci deve fechar o primeiro trimestre de 2024 com queda de 10% nas vendas em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo balanço do grupo Kering divulgado nesta terça-feira (19.03). A receita deve cair 20% na comparação anual, afirma o conglomerado, citando um retorno ruim de vendas principalmente na região asiática.
A marca enfrentou pressão para se renovar depois de um boom histórico sob o comando do designer Alessandro Michele e o antigo CEO Marco Bizzarri, mas as vendas seguem caindo com a nova equipe liderada pelo diretor criativo Sabato de Sarno e o atual CEO Jean-François Palus. No entanto, a holding pontua que a nova coleção de Sabato está chegando aos poucos nas lojas e têm tido uma recepção “altamente favorável”.
O grupo Kering tem enfrentado dificuldades de se posicionar no mercado pós-pandemia, com a queda da procura por artigos de luxo no geral nos últimos meses – e não é o único. Outras empresas do setor também devem enfrentar baques. Nos Estados Unidos, o Citigroup reportou uma queda de 19% nas compras em cartão de crédito de itens de luxo em janeiro na comparação com o ano passado, seguida de uma queda de 15% em fevereiro.
Por outro lado, também é verdade que marcas de luxo como Hermès, Loewe, Loro Piana, Brunello Cucinelli e Zegna tiveram bons resultados nos últimos meses. Acontece que a Gucci se enquadra na categoria de marcas mais aspiracionais, que vendem um estilo de vida principalmente para uma parcela da população que não é de altíssima renda. Com a crise econômica, casas de luxo deste perfil têm buscado fidelizar a parcela dos mais ricos, mas enfrentam um empasse. Os preços mais altos afastam ainda mais os consumidores que buscam pelos produtos de entrada, enquanto os consumidores de elite seguem difíceis de conquistar.