Por Flávia Barbosa
Imagina ter plena consciência que você é a pessoa mais esperta e inteligente em um recinto? Sabe ler qualquer pessoa que está ali, e pode tirar um grande proveito disso mais tarde, se precisar. Você é uma máquina de registrar informação e sabe usá-la como ninguém. Pois bem, quem era o dono desses superpoderes: Truman Capote.
Vocês já devem ter ouvido falar desse grande autor que ficou mais conhecido por “Bonequinha de Luxo” e “ A sangue Frio”, onde ele simplesmente fingiu-se de melhor amigo dos assassinos de toda uma família, só para conseguir informações precisas para seu livro. Ele nunca hesitou na hora de obter uma grande história. Custe o que custar. Doa a quem doer.
Dito isso, vim aqui falar sobre “Feud: Capote vs. The Swans” que podemos assistir na HULU ou no FX. Primeiro fiquei muito curiosa por ser uma serie de Ryan Murphy, famoso por “American Horror Story”, uma das séries que eu particularmente adoro. “Capote vs The Swans” foi baseada no livro de Laurence Leamer que conta a confusão criada por Capote quando decide expor os segredos mais íntimos de suas melhores amigas. Inacreditavelmente, o autor se infiltrou em um grupo de amigas, (mas não um grupo comum), e tornou-se um indispensável confidente para depois escrever um livro contando os bastidores da vida intima dessas socialites.
Essa é a premissa da série baseada em uma história real. Capote (Tom Hollander) é obcecado por Babe Paley (Naomi Watts) e se mantém cercado pela alta roda da elite de Nova York como Slim Keith (Diane Lane), C.Z. Guest (Chloe Sevigny), Lee Radziwill (Calista Flockhart) e Ann Woodward (Demi Moore).
Seu ponto de encontro preferido é o restaurante La Cote Basque, onde sempre se encontram para manterem as “novidades” em dia. Não era qualquer um que tinha passe livre para frequentar esse paraíso da high society de Nova York, mas Capote abriu seu caminho através de Babe, que o tornou insubstituível. Elas precisavam dele para tomar decisões, para desabafar e contar seus mais íntimos segredos, e incrivelmente ele tinha solução para tudo. Truman estava sendo cobrado para entregar seu próximo livro e teve a grande ideia de escrever sobre a vida dessas mulheres que lhe deram tudo! “Answered Prayers” seria o nome do livro que ele estava escrevendo sobre suas musas, claro dando codinomes a cada uma, mas era só ler para saber quem era quem.
Quando ele resolve publicar na Esquire uns quatro capítulos sobre o livro, o escândalo começa. Todas se veem descritas e desnudas nas páginas da revista para que todos lessem e fizessem chacota delas. O tiro saiu pela culatra! Ele foi banido da alta sociedade que tanto amava, excluído de todos os eventos, o que o levou a uma autodestruição da qual ele nunca se recuperaria. O livro na verdade, nunca foi publicado.
Babe Paley, a Swan (cisne) preferida de Capote, foi editora da “Vogue” por anos, e sua fama veio com seu estilo nada convencional. Ela ganhou por 14 vezes o prêmio de International Best Dressed e entrou para o hall da fama fashion em 1958. No seu closet: Balenciaga, Valentino e Givenchy junto com suas joias que eram feitas sob encomenda. Foi só ela usar um lenço amarrado em volta de sua bolsa e pronto: todas as mulheres seguiram a tendência.
Já Lee Radziwill tinha várias facetas: atriz, decoradora, ícone de estilo, musa e princesa são apenas algumas delas. Entre seus grandes admiradores estavam Andy Warhol, Rudolf Nureyev e Giorgio Armani, com quem ela “trabalhou” em um evento.
Slim Keith com seu clássico estilo de garota da Califórnia chamava a atenção do público. Com muitas capas de revistas e sempre incluída em listas de Best Dressed, ela ganhou em 1946 o prêmio Neiman Marcus Fashion, que também já foi ganho por Yves Saint Laurent e Christian Dior.
Como suas amigas, C.Z. Guest também estava incluída na lista de International Best Dressed List Hall of Fame e sempre era fotografada e retratada por Beaton, Slim Aarons, e Andy Warhol, e seu círculo de amizades contava com O Duque e a duquesa de Windsor e Diana Vreeland. Quando morou no México, posou nua para Diego Rivera, alguns dizem que tiveram um breve romance.
Ann Woodward era uma personalidade vinda da era do rádio que mais tarde foi acusada de matar seu próprio marido, tragédia essa explorada por Capote sem piedade. Após ler o que ele escreveu na Esquire, ela cometeu suicídio em sua casa.
Ou seja, não é de se surpreender que a relação de Capote com suas queridas amigas jamais foi recuperada. Ele foi exilado socialmente, se afundou nas drogas e álcool e continuou fingindo escrever um livro que jamais foi terminado. A série já está no seu quinto capitulo e termina somente dia 14 de março. Corram e aproveitem todas as fofocas! Ainda está em tempo.
Ah! Em 1984, Capote faleceu de uma doença no fígado. Ele tinha 59 anos.