Ao longo de 2024, a Galeria Estação foi ocupada por cinco mostras inéditas especialmente idealizadas em celebração aos 20 anos de criação do espaço fundado por Vilma Eid e Roberto Eid Philipp. Em 7 de novembro, a programação comemorativa será concluída com a abertura ao público de “Metamorfoses e Distâncias”, exposição coletiva com curadoria de Lorenzo Mammì que reunirá 62 trabalhos de 23 artistas brasileiros de diferentes gerações.
A abertura desta mostra coincidirá com o lançamento do livro “Moderno Contemporâneo Popular Brasileiro: o olhar de Vilma Eid”, editado pela WMF Martins Fontes, 320 páginas, R$ 199. Reunindo um texto crítico de Mammì, um ensaio fotográfico de Nelson Kon sobre a coleção particular de Vilma e sobre a Galeria Estação, a obra também traz uma entrevista conduzida pela gravadora, pintora e escultora Germana Monte-Mór e por Daniel Rangel, crítico de arte e curador-geral do Museu de Arte Moderna da Bahia.
Somados, exposição e livro propõem um oportuno balanço dos 40 anos de atuação da colecionadora, marchand e também fundadora do Instituto do Imaginário do Povo Brasileiro (IIPB), reafirmando o papel divisor de Vilma para a valorização e ressignificação crítica da chamada arte popular do Brasil, assim como para a inserção de artistas autodidatas no circuito de arte contemporânea.
“A exposição coroa não só esse ciclo de 20 anos da Galeria Estação, mas o trabalho que dei início em 1984, quando inaugurei minha primeira galeria em sociedade com Paulo Vasconcellos. Esses 40 anos de trabalho foram, por paixão e por eu acreditar nela, inteiramente devotados à arte popular. ‘Metamorfoses e Distâncias’ encerra agora esse ciclo de comemorações e representa, também, o trabalho de muitos artistas que estiveram e estão comigo ao longo dessas quatro décadas. Em muitas mostras que fizemos na galeria houve um forte diálogo entre populares e contemporâneos, característica que estará muito presente nessa mostra. Convidei o Lorenzo para a curadoria porque, nesses 20 anos da galeria, ele também fez importantes contribuições e conhece nosso trabalho como poucos. É muito simbólica essa exposição, no sentido de que representa o trabalho de toda uma vida”, avalia Vilma.
Entre pinturas, desenhos e esculturas, Metamorfoses e Distâncias evidencia a relevância da Estação no mercado de arte, por majoritariamente partir do acervo da própria galeria, reunindo obras dos seguintes artistas: G.T.O.; Alcides Pereira dos Santos; Chico da Silva; Félix Farfan; Francisco Graciano; Manuel Graciano; Véio; José Bezerra; Agnaldo Manoel dos Santos; Aurelino dos Santos; Artur Pereira; Conceição dos Bugres; Nino; Júlio Martins da Silva; Izabel Mendes da Cunha; Neves Torres; Jandyra Waters; Cardosinho; Salmi López Balbuena. Dos 23 artistas que compõem o conjunto de obras selecionadas pelo curador, apenas quatro não são representados pela Galeria Estação: Tunga, Jaider Esbell, Elisa Bracher e Nuno Ramos.
“Minha ideia foi usar esse manancial importantíssimo que a galeria da Vilma reúne para entender a continuidade histórica de nossa arte popular. No Brasil, havia o consenso de que depois da arte colonial houve o início da arte acadêmica, sem que houvesse uma continuidade histórica. Na verdade, a arte acadêmica trazida da Missão Francesa tem uma influência muito limitada à corte e à burguesia do Rio de Janeiro, sendo que o resto dos artistas do país continuava vindo da tradição afro-brasileira e da arte indígena. Essa história não tinha sido contada ainda de maneira regular”, explica Mammì.
Galeria Estação – Rua Ferreira Araújo, 625, Pinheiros, São Paulo, SP.