Larissa Nunes, guarde bem esse nome. A atriz, cantora e compositora de 28 anos está em cartaz no streaming em “Vidas Bandidas”, série da Disney +, e também no Teatro Riachuelo Rio com o musical “Nossa História com Chico Buarque”, em homenagem ao compositor. Ela também é protagonista nas séries “Spider”, exibida pela Paramount+, e “Americana”, produção bilíngue da Disney+, ainda sem data de estreia definida.
Nascida em São Paulo, vem de uma família de mulheres fortes e guerreiras. “Minha mãe é uma recém-psicóloga, mas sempre trabalhou em uma área que não tinha nada a ver com arte. Minha avó era deficiente visual e trabalhou muitos anos como empregada doméstica, depois foi para fábricas. Na minha família não tinha nenhuma pessoa com uma veia artística que eu soubesse e que quisesse continuar uma carreira ou seguir uma. Eu fui a primeira da minha família que quis, de alguma maneira, fazer arte”, diz.
Ela conta que seu contato com a TV começou muito cedo, quando era muito novinha, acompanhava tudo, já havia nesse momento um encanto pela arte de representar. Mas seu primeiro passo nas artes aconteceu na música. “A música foi a primeira tentativa de estar na arte. Eu queria ser cantora desde criança, mas eu também não tinha essa coisa da minha mãe ficar me mostrando para a família. Eu era uma criança muito introspectiva, vamos dizer assim. Acho que a arte era um lugar onde eu me soltava.”
Quando tinha 14 anos, Larissa se mudou para o bairro de Santa Cecília, centro de São Paulo, onde teve contato com o circuito Sesc, e aí tudo começou a mudar. “E foi lá onde eu comecei a ter o contato com o teatro, de um jeito que foi definitivo para mim, porque foi ali que decidi que queria ser atriz, e que a música vinha como um lugar que se complementava a essa carreira.”
Larissa, então resolveu estudar artes cênicas, e acabou se formando na EAD – Escola de Arte Dramática – da USP (Universidade de São Paulo), e deu o start em sua carreira de atriz. Primeiro no teatro, mas logo em seguida vieram os trabalhos no audiovisual, streaming e TV. Estreou na série “3%” (Netflix). Depois vieram as duas temporadas de “Coisa Mais Linda” (Netflix) e “O Rei da TV” (Disney+). A artista também flertou com a comédia, pela primeira vez, na série “Clube Spelunca” do HBO/TNT/Warner. O público da TV aberta pôde conhecer e acompanhar o talento de Larissa na novela “Além da Ilusão” (TV Globo, 2022), sua estreia em folhetins, na pele da romântica professora Letícia.
Sobre a presença preta no audiovisual, diz: “Sou fruto desse espaço que tem surgido nos últimos anos. Querendo ou não, estou aí há seis anos. Isso é muito tempo e, ao mesmo tempo, não é muito tempo, né? Porque o mundo está se transformando mais rápido e a gente tem feito mais entradas no audiovisual”.
Com essa lista de trabalhos, fica fácil descobrir que a atrás da jovem de 28 anos vem um longo cordão de experiências. Conheça mais de Larissa lendo o papo que ela teve com o CHNews via Zoom.
Como começa a sua carreira de atriz? Sempre foi um sonho?
Bom, eu sou de São Paulo, né? Venho de uma família de mulheres. Minha mãe é uma recém-psicóloga, mas sempre trabalhou em uma área que não tinha nada a ver com arte. Minha avó era deficiente visual e trabalhou muitos anos como empregada doméstica, depois foi para fábricas. Na minha família não tinha nenhuma pessoa com uma veia artística que eu soubesse e que quisesse continuar uma carreira ou seguir uma. Eu fui a primeira da minha família que quis, de alguma maneira, fazer arte. Eu sou de 1996, tenho 28, e nos anos 2000 a gente ficava muito presa à televisão, assistindo, e era a minha forma de divertimento. Tive contato com a TV muito cedo, muito novinha. E a música foi a primeira tentativa de estar na arte. Eu queria ser cantora desde criança, mas eu também não tinha essa coisa da minha mãe ficar me mostrando para a família. Eu era uma criança muito introspectiva, vamos dizer assim. Acho que a arte era um lugar onde eu me soltava. E aproveitava o fato de a minha avó não enxergar para confabular e imaginar coisas, enfim, e criando, brincando. Então, com 14 anos, eu me mudei do bairro onde eu cresci e fui para o centro de São Paulo, na Santa Cecília, onde tive contato com o circuito Sesc. E foi lá onde comecei a ter contato com o teatro, de um jeito que foi definitivo para mim, porque foi ali que decidi que queria ser atriz, e que a música vinha como um lugar que se complementava a essa carreira. Desde lá eu fui fazendo peças, cursos livres, e entrei na USP em 2016. Tentei fazer outras coisas, fiz um ano de jornalismo, inclusive. Mas no jornalismo o que eu mais gostei foi o fato de poder escrever, eu escrevia muito. Então, depois eu fui resolver isso, estudei dramaturgia teatral. Fui me resolvendo. O primeiro encontro foi muito definitivo para mim.
E como foi na USP? Foi tranquilo levar a faculdade?
A USP nunca é tranquila, né? Vamos combinar que é intenso. Eu entrei com 19 anos, muito no acaso. Eu considerava muito a USP, mas a minha tentativa ali era de fazer teatro sem que eu precisasse pagar para fazer. Quando eu encontrei a Escola de Arte Teatral, a Escola de Arte Dramática da USP, eu nem sabia que já tinham passado por lá, sei lá, grandes nomes do nosso teatro, da televisão. Eu não tinha essa noção. Era um curso livre, uma formação pública, e o status mesmo de poder ser a primeira pessoa da minha família a conquistar uma vaga em uma universidade pública. Para mim, esse era o farol. Mas quando eu entrei na EAD entendi onde eu estava me enfiando, porque era um ambiente intenso de transformação para mim. Foi ali que eu tive contato com os autores brasileiros, mundiais. Eu tive uma formação muito completa nesse sentido, com professores incríveis de voz, de corpo. Foi um mundo que foi se abrindo, e também um mundo onde fui me encontrando com amigos, com pessoas. Foi lá que eu encontrei também esse mundo das agências, de talentos, foi o meu primeiro contato com o streaming, com o audiovisual. Eu já estava estudando na USP.
Você acha que o streaming é a plataforma do futuro para atores e diretores? E para todo mundo que trabalha na indústria, é claro.
Olha, eu acho que é uma plataforma muito promissora. Está acontecendo muitas coisas ao mesmo tempo. Acho que ela está instaurando uma linguagem, que ela está mudando, assim, a perspectiva que a gente tinha do que era fazer TV, ou do que era audiência, ou do que era ser famoso ou não, ser conhecido ou não, ser reconhecido como ator ou não. Isso tudo tem mudado porque o streaming cria novos formatos. Eu tenho essa sensação. Tenho uma boa expectativa sobre as produções. Acho que cada vez mais a gente tem percebido que não dá para cair na mesmice, que não dá para fazer as mesmas histórias, que a tecnologia pode ajudar, mas também pode atrapalhar quando a gente, sei lá, pensa sobre como as IAs (Inteligência Artificial) podem afastar uma relação de trabalho mais digna de autores e roteiristas, como a indústria. Acho que tem muitas coisas que vão chegando, e o streaming é uma delas. Influencia outras linguagens, tipo a TV ou o cinema.
E como que você vê a presença preta no audiovisual atualmente? Melhorou, não melhorou?
Todo mundo me pergunta isso. Acho que, de modo geral, a gente está realmente avançando muito. Tem muitas histórias que estão chegando, com protagonismo, novos nomes sendo descobertos. Acho que isso é maravilhoso. Sou um fruto desse espaço que tem surgido nos últimos anos. Querendo ou não, estou aí há seis anos. Isso é muito tempo e, ao mesmo tempo, não é muito tempo, né? Porque o mundo está se transformando mais rápido e a gente tem feito mais entradas no audiovisual. Mas ainda acho que tem, sim, muita coisa para melhorar. Tem um olhar que, principalmente nas produções brasileiras, a gente ainda tem muitos enfrentamentos, em relação aos estereótipos das histórias. Onde que eu me encaixo mais? Quais são as histórias que eu ainda gostaria de contar e que eu ainda não tive oportunidade? Acho que a representatividade, ela nunca foi o limite, sabe? Não é. Esse não é o horizonte final. Estar lá, ocupando esses espaços, é a ponta do iceberg. A gente quer muito mais. Acho que tem um caminho aí de criação, por trás das câmeras, que eu acho importante. A gente não tem autores de novelas pretos, por exemplo, que estão aí fazendo várias produções. Isso também é um olhar. Embora seja muito importante a gente ver grandes autores dando protagonismo a nomes que não sejam os mesmos.
Vamos falar do seu trabalho em “Vidas Bandidas”, da Disney+.
Eu tinha terminado uma série em outra plataforma, na Paramount+, chamada “Anderson Spider Silva”, que é a biografia do Anderson Silva. Lá interpreto a esposa do Anderson, a Dayane, uma figura muito importante na carreira dele. Eu estava fazendo testes. Em janeiro do ano passado, em 2023, surgiu esse convite de teste para “Vidas Bandidas” e eu não fazia ideia se seria uma série, se seria outro formato. Passei e fiquei muito feliz, porque a gente gravou na sequência. Gravamos março e abril do ano passado. E foi uma delícia gravar, porque foi um personagem que me surpreendeu muito fazendo. Eu li o roteiro e fiquei chocada com a quantidade de coisas que se desenrolavam. Tinha a sensação de que era a história dos três ali. É muito potente, do Raimundo, do Serginho e da Bruna. E a Marina vem como um elemento no meio desse fogo cruzado. Uma figura que não tinha nada a ver com aquele assalto que deu errado, mas acaba tendo a vida completamente atravessada por isso. Uma mulher honesta, digna, que só quer viver uma vida tranquila do lado do namorado. E aí ela vê a vida dela virando 360 graus e tendo que tomar decisões drásticas para proteger quem ama. Acho que, para mim, foi uma parada muito nova de fazer. E eu gostei, porque estava no meio de pessoas extremamente competentes e experientes. Acho que foi o elenco experiente que eu mais tive contato, Juliana Paes, que está há mais de 20 anos na TV, o Rodrigo Simas também, o Otávio Miller, contraceonar com ele, poder receber um elogio, poder ver um feedback de uma parceria mesmo. Eu fui bebendo dessa fonte, aproveitando todo mundo, escutando. Fui me colocando ali muito em prontidão pela história, sabe?
E “Spider”? Conte como foi essa experiência.
“Spider” foi muito bom, porque foi o meu segundo trabalho com o Caíto Ortiz, que me dirigiu em “Coisa Mais Linda”, que foi a minha primeira série com maior projeção. E o Caíto é uma figura, um cara super-humano, um diretor amoroso, inteiro. Ele foi fazendo esse bate-bola comigo. Eu estava gravando “Além da Ilusão”, uma novela da Globo, em 2022. E, no meio da gravação, ele me liga e fala: “Olha, eu tenho um personagem para você. Não sei como está a sua agenda, não sei se eu consigo, mas vamos ver”. E ele foi me cantando essa história do Anderson Silva durante as gravações da novela. Então, quando eu terminei a novela, já fui direto para a sala de ensaio. Não tive férias entre uma coisa e outra. E foi muito bom, porque eu estava num fluxo de trabalho naquele ano que foi importante para mim. E a Dayane é uma mulher muito incrível. Eu pude trocar com a Dayane na vida real e perguntar o que ela tinha achado da série. Porque, de qualquer maneira, eles são biografados vivos. O Anderson e a Dayane, o tio, todo mundo ali na série estava meio que na expectativa de saber o que essas pessoas reais achariam da série. E foi uma delícia, porque a Dayane, que foi super gente boa comigo, se emocionou com a série. E para mim também foi um momento muito legal, de poder conciliar uma relação com o diretor. Coisa que eu também nunca tinha vivido antes. Ser chamada de novo para um trabalho, estabelecer uma relação. O Caíto é muito parceiro. Foi muito bom.
E tem “Americana”, que você gravou em inglês.
Bom, “Americana” é uma história que conta a vinda dos confederados para o Brasil. Na história dos Estados Unidos, houve a Guerra Civil e quem perdeu foi a galera do Sul. E todo mundo ficou meio exilado. E o Brasil, nesse período do Império, traz alguns confederados e eles ficam na cidade de Americana, interior de São Paulo. Esse é o plano de fundo da história. E a Sebastiana, minha personagem, é uma garota que tem um serviço de investigar crimes ao lado do tutor dela, que quem faz é o Caco Ciocler (Tobias). E essa dupla funciona meio Sherlock e Watson, porque eles desvendam crimes por barganhas na cidade de São Paulo, pelo Brasil. Eles viajam. Só que eles chegam em Americana e acontece o assassinato de um garoto indígena que comove muito a Sebastiana. Ela quer resolver esse crime e o Tobias não quer. Então, ela continua na cidade e tenta investigar esse assassinato no meio dessa cidade completamente hostil com pessoas pretas, porque é a galera escravocrata do Sul que chega ao Brasil. Ela vive esse impasse. É uma série policial, dramática, tem mistério, tem suspense. E é um trabalho que, para mim, foi um divisor de águas fazê-lo, porque foi engraçada a história. Em 2021, na pandemia, eu recebo esse teste. E eu conhecia o Maurílio Martins,da Filmes de Plástico. Ele me chama para fazer esse teste e eu falei, bom, vou fazer. Ele disse que seria um teste em inglês. Que era uma garota chamada Sebastiana, superculta, tinha várias habilidades. Só que ela ainda estava numa situação ali ao lado de um tutor. E eles vão resolver um crime numa cidade… E aí eu fui lendo, fiz esse teste em 2021. Passei, em 2022 eu fiz a novela. Na sequência fiz “Spider”, “Vidas Bandidas”. Faltando duas semanas para terminar “Vidas Bandidas”, ele me liga e fala: “Você se lembra desse teste que fez em 2021? Da Sebastiana? Da série “Americana”? Então, vamos fazer?”. E aí eu falei, “gente, como assim”? Estou fazendo “Vidas Bandidas” e tal. Foi quando ele disse que era tudo Disney+. “Eles sabem a sua agenda. Vamos conciliar”. Você vai gravar as duas. E aí foi, ano passado, eu gravei as duas séries ao mesmo tempo. Tive uma preparação muito intensa. Tenho um determinado nível de fluência em inglês, mas nunca é a mesma coisa do que você falar, ter a vivência no lugar. Foi muito importante ter ali comigo nas gravações três professores de prosódia, dois deles norte-americanos, e que me ajudaram do início ao fim a encontrar essa ideia. Essa embocadura, de um inglês formal para a época. A série se passa no século 19, então também tem esse adendo. Fora todo o lance de você atuar em inglês, que é uma parada que eu nunca tinha feito. O elenco também era internacional, de norte-americanos, argentinos, dinamarqueses. Um elenco muito cosmopolita. Espero muito que o público goste, porque é algo que não se vê muito sendo produzido aqui no Brasil, eu arrisco dizer.
E tem data de estreia?
Olha, a gente não tem data de estreia. Provavelmente ano que vem. Mas ainda não temos data. Está em produção.
Você acabou de voltar para o teatro com o musical “Nossa História com Chico Buarque”, certo?
Bom, foi em julho que eu recebi o convite da Leila Moreno. Ela é a produtora do espetáculo. Eu já conhecia o trabalho do diretor, Rafael Gomes, do Vinícius Calderoni. Para mim foi uma honra poder fazer essa história. Primeiro, porque eu amo Chico Buarque. Segundo, porque a história realmente é muito envolvente. A trama é sobre duas mulheres que se encontram e, ao longo dos anos, a gente acaba acompanhando essa relação das duas, esse encontro. Eu interpreto uma delas, a Beatriz, em 1968. E aí, em 1989, se dá um salto de quase 30 anos, eu interpreto a filha dela, a Rita. E dá mais um salto de 30 anos, em 2022, eu interpreto a neta dela, a Rosa. Tem uma espécie de histórias que se cruzam em gerações, todas elas embaladas pelas músicas do Chico Buarque. Não é um musical biográfico, mas é uma biografia de nós mesmos dentro das músicas do Chico. Como essas histórias, como essas músicas afetam a nossa história. Então, foi lindo. Quando eu li o texto, falei, vou fazer isso. Não tem nem como dizer não. Fiquei muito encantada mesmo pelo projeto. Foi uma grata surpresa, porque eu não tinha imaginado que voltaria a fazer teatro este ano.
Quanto tempo você estava afastada do teatro, Larissa?
Quatro anos. O meu último espetáculo foi “Lugar Nenhum”, com a companhia do Latão, em São Paulo, com a direção do Sérgio de Carvalho. E foi incrível fazer. Mas foi em março de 2020, no mês da pandemia onde se instaurou o lockdown. Foi meu último contato com o teatro. Aí, claro, depois eu fui fazendo coisas em casa. A gente ficava ali naquela imersão de fazer peças online. Escrevi um solo chamado “Cancelada”. Quem dirigiu foi o Nelson Baskerville. Fui, de alguma maneira, me alimentando do teatro nesses dias. Mas, querendo ou não, nada é igual a você estar de novo numa sala de ensaio, estar em cartaz. A gente está na terceira semana e já recebemos mais 7 mil pessoas no teatro. Isso para mim é um marco. Eu nunca recebi 7 mil pessoas no teatro em três semanas. Então são coisas que a gente acaba ficando muito feliz, muito grata pela oportunidade.
E você pretende viajar o Brasil com a peça?
Temos intenções. São Paulo, com certeza, na sequência a gente vai. Mas aí o resto do Brasil eu tenho muita vontade de conhecer, de viajar fazendo.
E você pretende escrever, fazer série e tal?
Olha, vontade eu tenho.
Você também trabalha com músicas, lançou recentemente o EP autoral “Dela”. Fale dele.
Eu escrevi as músicas em 2022, e lancei o EP este ano, então foi um processo de dois anos até o lançamento. E é um projeto que eu fiz sozinha, sozinha não, com o Gabriel Marinho, que é um produtor e ele tem um selo independente aqui no Rio de Janeiro. A gente compôs esse trabalho e eu queria lançá-lo entre essas atuações no audiovisual, porque muita gente não me conhece como cantora, me conhece talvez como atriz e acho que isso seria legal, ver que já trazia as duas coisas ao mesmo tempo. Foi um EP que eu gravei falando de amor, falando de desejo, falando de autonomia feminina e coisas que eu já estava querendo escrever. Lançamos em todas as plataformas digitais, está aí na praça. Eu não tenho essa questão com números e charts e coisas com a música, eu faço música porque eu amo, acho que a minha relação industrial mesmo é sendo atriz, eu gosto de ser atriz, gosto de ir atrás das coisas, enfim, mas a música tem um lugar mais íntimo para mim, quem gosta aprecia, escuta, dá o feedback. A gente gravou e lançou e foi muito bacana, eu fiz tudo independente, tirei do meu bolso, isso também é uma relação bem complexa aqui no Brasil, porque além de ser difícil, esse alcance da música independente é muito variado, você tem que acompanhar as tendências, aí você não quer acompanhar e começa a ver como as pessoas recebem o seu trabalho. Eu não queria que a minha música chegasse nesse lugar, eu queria que a minha música fosse genuinamente dela, como o nome do EP diz, e ao mesmo tempo que fosse um processo tranquilo para mim. Então eu lancei, não tenho previsão de lançar outros trabalhos, eu realmente trabalho com a música de uma outra forma, quando eu sinto que é o momento de lançar, eu lanço, não tem essas “ah, mas vai fazer show?”, eu não tenho essa pressa, eu acho que vai rolar o show no momento que tiver de rolar, com as pessoas que tiverem para ver, apreciar, assistir, porque realmente nesse momento eu estou focada na atuação, focada nos meus trabalhos de atriz, então é isso, está na praça para todo mundo ouvir, está bonito.
E quais são os próximos projetos, você tem coisas já?
Olha, eu tenho essa continuidade do espetáculo teatral, a gente tem temporadas para cumprir, tem alguns lançamentos, mais três séries para serem lançadas, tem um filme também, que vai chegar ano que vem. Comecei o ano fazendo um longa, com o Jefferson De, chamado “Narciso”, que vai lançar em 2025, e aí eu fui convidada pelo Toni Venturi, no último trabalho dele, a fazer uma série/reality, vamos dizer assim, chamado “Jogo de Cena”, e essa série vai estrear em 2025 também, e conta com sete atores fixos, que recebem a cada semana um diretor de teatro diferente, e a gente tem uma missão de fazer uma cena de Shakespeare, de até cinco minutos, em dois dias, com cenário, com ensaio, com figurino, com maquiagem, com tudo, e todo esse processo sendo documentado pelo Toni. Eu reli a obra de Shakespeare, foi também um encontro literário para mim, reli os grandes clássicos, fiz muitas coisas, e cada diretor tinha uma estética diferente, tinha um olhar diferente, então foi muito enriquecedor fazer essa série, vai rolar ano que vem na TV Cultura. É uma série de 10, 12 episódios, por aí, bastante coisa, e foi o último trabalho do Venturi, ele faleceu durante a edição dessa série, neste ano, então com certeza é um trabalho que para mim vai ser muito especial lançar. E tem a comédia, que igualmente estreia em 2025, “Clube Spelunca”, da HBO Max, que eu interpreto uma funcionária de um bar, folgada, muito folgada. O meu primeiro papel cômico. Foi muito especial também gravar e fazer com a galera, Antônio Pitanga, Neuza Borges, Silvio Guindane dirigindo, foi muito massa fazer, e “Americana”.
Você é ligada em rede social?
Cara, eu sou muito ligada, e gosto muito, e ao mesmo tempo tenho um pouco de ressalvas, porque se tornou uma coisa muito doida, né? Eu tenho encontrado amigos meus, atores, falando sobre essa questão do streaming e da vida do ator, dependendo ou não, de seguidores ou não, de engajamento ou não, é um debate que está aí surgindo através do nosso trabalho, e a minha relação com as redes sociais é assim, eu gosto de divulgar coisas minhas, pessoais, mas com um certo limite, sou muito discreta, e, basicamente, gosto de mostrar os meus trabalhos na rede social, é onde eu tenho um lugar de poder escolher o que eu quero mostrar para o público. É um painel do que eu faço, do que eu gosto, para mim é assim que fica saudável, mais do que isso, ficar procurando like, seguidor, fofoca, com quem saí, com quem namorei, quem beijei na boca, não vai ter isso na minha rede social.