Cinco anos após o sucesso da temporada de estreia, que resultou em indicações e premiações, o monólogo “Diário do farol – Uma peça sobre a maldade” retorna aos palcos cariocas. Na ribalta do Teatro Poeira a partir do dia 4 de junho, sempre às terças e quartas-feiras às 20h, Thelmo Fernandes volta a dar vida a um homem capaz de dissimular, matar e torturar, entre outras vilanias. E que consegue ainda ver beleza nos atos por ele praticados.
Inspirado por Domingos Oliveira (1936-2019), a peça recebe direção de Fernando Philbert, responsável pela adaptação do texto com Thelmo, que tem neste trabalho seu primeiro solo. Por ele, o ator recebeu indicações ao Prêmio Cesgranrio de Teatro, APTR e Botequim Cultural.
Esse homem pode estar em qualquer lugar. Sentado ao nosso lado no transporte público ou mesmo ocupando um cargo de liderança. Ou mesmo isolado numa ilha. Como é o caso do personagem-narrador de “Diário do farol”, romance lançado pelo imortal João Ubaldo Ribeiro (1941-2014) em 2002. A encenação, que teve sua estreia em agosto de 2019, percorreu alguns palcos da capital fluminense e teve até uma versão online em meio à pandemia. Agora, a peça está de volta aos palcos do Rio.
“Para esta temporada, tivemos mudanças pontuais no texto e na encenação. A peça encurtou em dez minutos, mas ninguém percebe, foram cortes cirúrgicos. Quem retornar pra assistir verá praticamente o mesmo espetáculo. Acredito que a peça está mais atual do que nunca. O que eu percebo na escrita do João Ubaldo, é que certos movimentos perversos e nocivos que a humanidade sempre cria para si são cíclicos – e sempre voltam. A abordagem serve como instrumento forte de reflexão pro espectador”, observa Thelmo Fernandes.
Uma peça sobre a maldade. Essa foi a frase usada por Domingos Oliveira quando, em 2014, apresentou o projeto a Philbert – que mostrou, então, o projeto a Thelmo Fernandes, não por acaso um dos atores mais talentosos da sua geração. Prova disso são os prêmios ganhos (APTR e Qualidade Brasil, em 2007; Fita, em 2012 e 2016; e APTR em 2023) e as 25 indicações recebidas numa carreira que já soma 33 anos. E foi de Domingos a ideia de fazer dessa história um monólogo.
O personagem criado por Ubaldo tem na sua gênese características que remetem ao teatro – mais exatamente às tragédias, sejam as da Grécia Antiga ou, séculos mais tarde, às de Shakespeare.
Teatro Poeira – Rua São João Batista, 104, Botafogo, Rio de Janeiro.